quarta-feira, outubro 25, 2006


Fauno PanPosted by Picasa
Como se disse nas duas imagens anteriores (Minotauro e combate entre Teseu e Minotauro), a aproximação mitológica à imagem clássica do caloiro coimbricense não fica satisfeita com os eventuais contributos do Minotauro. No escorço corporal serão de considerar elementos de sincretização entre a cabeça do Minotauro e o corpo dos Faunos ou Sátiros.
As descrições impressas, os testemunhos dos memorialistas e as fotografias produzidas até ao advento da Crise Académica de 1969 corroboram esta prospecção imagética. Depois de 1974 observou-se uma modificação acentuada das velhas representações. Proliferaram imagens de importação que, rompendo com o passado, concebiam os caloiros como "bebés". Lacinhos nos cabelos, chuchas e bibes de creche fizeram a sua entrada triunfal em Coimbra na década de 1980. Este curioso processo de "infantilização" da imagem do caloiro traduziu-se plasticamente em alguns dos cartazes festivos onde aparecem desenhadas chupetas.
Este exemplo evolutivo, plasmado na invenção de tradições que antes eram alheias à mundividência académica, permite perceber que mesmo as culturas consideradas fortemente tradicionais não deixam de escancarar as suas portas à novidade. O "caloiro-bebé", consagrado em Coimbra na década de 1980 pela festa de massas, pode de alguma forma comparar-se a outras festividades portuguesas que desde a década de 1960 incorporaram elementos novos no alicerce do programa antigo. São bem conhecidos dois casos:
-o São João do Porto que não tinha qualquer "tradição" de martelinhos de plástico antes da década de 1960;
-as Festas do Divino Espírito Santo da Ilha do Pico que até cerca de 1970 desconheciam por completo a figura da "Rainha" com damas de honor. Um primeira experiência realizada pela Irmandade de Santa Cruz das Ribeiras, directamente inspirada no figurino das festas dos emigrantes açorianos nos EUA fez alastar em menos de uma década a nova moda das "rainhas" que de coroa e manto ultrapassaram a antiga dignidade dos imperadores eleitos e sorteados.
Nos dois casos referidos (Porto e Açores), as novidades parecem gozar de bom acolhimento, coexistindo pacificamente com os elementos festivos mais ancestrais.
Fonte: grupo escultórico romano encontrado nas escavações de Pompeia, representa o Sátiro Pan a ensinar flauta ao pastor Daphnis
AMNunes

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