sábado, novembro 25, 2006


Universidade de Coimbra deve retirar grau de doutor a Franco
O professor de Relações Internacionais José Pureza defendeu esta sexta-feira que a Universidade de Coimbra (UC) deve retirar o título de doutor «honoris causa» ao ditador espanhol Francisco Franco, seguindo o exemplo da congénere galega de Santiago de Compostela.
Ressalvando que a competência para tomar essa iniciativa cabe ao Senado da UC, José Manuel Pureza frisou que aquele grau honorífico da instituição, fundada há 716 anos pelo rei D. Dinis, deverá galardoar «homens que se distinguiram pelos grandes valores do humanismo e da decência universal».
Na opinião do docente da Faculdade de Economia da UC, onde é responsável pelo programa de doutoramentos em Política Internacional e Resolução de Conflitos, o ditador espanhol «está muito longe de ser alguém que dignifica» a Universidade de Coimbra.
A direcção da Universidade de Santiago de Compostela deliberou hoje, por unanimidade, retirar o título de doutor «honoris causa» concedido a Francisco Franco Bahamonde em 1965, pedindo o mesmo à Universidade de Coimbra.
Uma fonte da Universidade de Coimbra disse à Lusa que o Reitor, Seabra Santos, que esta semana apresentou a sua candidatura a um segundo mandato de quatro anos no cargo, «não comenta, para já, o pedido» da Universidade de Santiago de Compostela.
Doutorado em Sociologia, José Manuel Pureza obteve a sua licenciatura em Direito na FDUC.
Na sua opinião, retirar o título de doutor «honoris causa» ao ditador Francisco Franco constitui «uma homenagem aos povos de Espanha, à democracia e aos direitos humanos».
O reitor da Universidade de Santiago de Compostela, Senén Barro, ao anunciar hoje essa decisão, explicou aos jornalistas que o ditador espanhol «não tinha os méritos académicos suficientes» para lhe ser atribuído o título que lhe foi concedido em 1965.
Franco «não reúne os méritos científicos nem pessoais para ostentar esta honra e, em consequência, o seu nome é retirado da lista de ilustres 'honoris causa' desta Universidade, bem como do livro de honras», refere a instituição galega em comunicado.
É a primeira vez que a Universidade de Santiago de Compostela adopta uma decisão deste tipo, que começou a ser debatida há um ano, sendo tomada agora coincidindo com a aprovação pelo Parlamento de Espanha da Lei de Memória Histórica, que visa reabilitar a memória das vítimas da Guerra Civil, em especial dos vencidos republicanos.
Senén Barro revelou que a sua universidade contactou já as congéneres de Coimbra e Salamanca (Espanha) para que tomem uma decisão no mesmo sentido.
«Embora eu não faça parte do Senado, serei francamente favorável a que este órgão da Universidade de Coimbra acolha esta iniciativa com toda a prioridade», declarou à Lusa José Manuel Pureza.
Fonte: artigo "Diário Digital / Lusa", de 10/11/2006, http://diariodigital.sapo.pt/
AMNunes

relojes web gratis