sábado, março 17, 2007



Alguns chapéus de estudantes

Desfile de alunos da École Politéchnique numa rua de Paris, em Grand Uniforme (GU) no dia 8 de Maio de 2005. Os alunos da Polytéchnique costumam ocupar lugar de honra nos cortejos anuais de 14 de Julho. No que aos uniformes académicos e universitários respeita, como que se registaram na França pós-1789 dois movimentos aparentemente opostos e irreconciliáveis:

1) desacreditação da "Toge" talar, nacionalizada e normalizada pelo poder central (Ministério da Educação). Mantida nas solenidades das universidades e escolas normais superiores, entrou em declínio a partir do Maio de 1968 (em França, como em Portugal, banalização do hábito talar universitário, mas sem correlativo no mundo judiciário onde o Ministério da Justiça respeita e soleniza as togas de uso diário e os hábitos talares de luxo herdados dos trajes de corte);

2) hiper valorização institucional e sócio-profissional do Grand Uniforme (GU) de origem militar, orgulhosamente envergado nas suas plurímas formulações estéticas na École Polytéchnique e no Institut de France. Esta solução, a um tempo anticlerical e aparentemente laica, conheceu os seus adeptos no Portugal de Oitocentos. Logo a seguir ao triunfo das hostes liberais, discutiu-se na UC da possibilidade de adopção de um uniforme de porte diário próximo do figurino "napoleónico" do Institut de France (1799), projecto que não vingou (contudo, com reflexos evidentes na retratística reitoral entre 1850-1880 finais). Nas Escolas Médico-Cirúrgicas e Politécnicas de Lisboa e Porto (ver Armando Luís de Carvalho Homem, "O Traje dos Lentes", 2007), o Grande Uniforme seria consagrado como traje de gala dos lentes na década de 1850 e para os sócios da Academia Portuguesa de História restaurada em 1936 ("Estatutos" de 1945, artigos 23º e 24º).

O que a intelectualidade francesa nunca conseguiu justificar cabalmente foi em que fundamentos se baseia desde 1789, com trânsito por 1968 e ss., para pretender que o Hábito Talar pode ser considerado reaccionário nos meios universitários mas não no universo do judiciário (quando é justamente no judiciário que o traje de corte com cores de luxo, galões de ouro e arminhos sumptuários mais se evidencia), ou que os hábitos talares académicos devem ser vistos como "conservadores" e os uniformes de raiz militar como "progressitas" ou quiçá mais dignificantes. E com isto, contra mim e contra a minha confessa francofilia falo...

Fontes:

-"Bicorne", http://fr.wikipedia.org/wiki/Bicorne;

-"École Polytéchnique", http://fr.wikipedia/wiki/;

-"École Polytéchnique", http://www.polytechnique.fr/.

-"Institut de France", textos e fotografias de apoio editadas por Armando Luís de Carvalho Homem no Blog em 24/12/2006 e 25/12/2006.

AMNunes

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