quarta-feira, outubro 19, 2005

FADO DA PÁTRIA

Música: Armando do Carmo Goes (1906-1967)
Letra: António Correia de Oliveira (1879-1960)
Incipit: Bandeira das cinco chagas
Origem: Coimbra
Data: ca. 1926






















Bandeira das cinco chagas,
Se Deus a visse no chão
Viria do céu à terra
Erguê-la por sua mão.

É tão cheiínha de encantos
A minha terra natal
Que o Tejo, que nasce em Espanha,
Vem morrer em Portugal.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: dó menor, dó maior, fá menor /// 2ª dó, dó menor; (1ª vez)
1º dístico: dó maior, fá maior /// 2ª dó, dó maior; (2ª vez)
2º dístico: 2ª ré, ré menor /// 2ª dó, dó maior;

Informação complementar:
Canção musical estrófica inicialmente destinada a barítono solista, em compasso quaternário (4/4) e tom de Dó Menor. Comporta passagens harmónicas, não muito habituais nas monodias clássicas coimbrãs. Tema gravado por Armando Goes, em Lisboa, Teatro Maria Victória, a 15 de Maio de 1927, acompanhado em 1ª guitarra toeira de Coimbra de 17 trastos por Albano de Noronha e em violão de cordas de aço por Afonso de Sousa: disco de 78 rpm His Master’s Voice, B 4693. No disco, por baixo do título, vem o nome “Goes” entre parêntesis indicativo, em geral, da autoria da música e não da letra. Na etiqueta do disco figura ainda a seguinte indicação «Guitarra e Viola por A. Noronha e A. de Souza».
Tendo em conta as simpatias de Armando Goes pelo Integralismo Lusitano e pela produção poética simbolista e nacionalista, cremos que este tema foi composto pouco depois da Revolução de 28 de Maio de 1926.
O literato António Correia de Oliveira nasceu em São Pedro do Sul no dia 30 de Setembro de 1879 e faleceu em Esposende a 20 de Fevereiro de 1960. Poeta de expressão nacionalista e regionalista, refugiou-se num portuguesismo ruralista e cristão que de certa forma representava um requentamento putrefacto do simbolismo decadentista de finais do séulo XIX e de inícios do século XX. Oliveira foi muito cantado em Coimbra (à semelhança de muitos dos seus companheiros decandentistas, como Júlio Brandão ou Fernandes Laranjeira), ocorrendo em matrizes fonográficas de intérpretes como Armando Goes e António Menano. Mas foi também, para os sectores mais exaltados do Movimento da Presença, o símbolo do antimodernismo, merecendo em Coimbra mimos semelhantes aos prestados pelos do Orfeu a Júlio Dantas. Faleceu confortavelmente consagrado e aplaudido como poeta oficial do regime salazarista.
Ao que sabemos esta composição não mereceu qualquer regravação posterior à de 1927.
Transcrição musical: Octávio Sérgio (2005)
Texto e pesquisa: José Anjos de Carvalho e António M. Nunes
Agradecimentos: Dr. Aurélio dos Reis, Dr. Artur Ribeiro (Museu Académico), Dr. Afonso de Sousa, José Moças (Tradisom)

relojes web gratis