Fonte de Santana
Notável gravura de Georg Vivian, editada em "Scenery of Portugal an Spain", 1839, captada a partir do morro do Convento de Santana. A envolvente, muito rica, fixa trechos do Aqueduto de S. Sebastião, Colégio de São Bento, cúpula da Sé Nova, Torre da Universidade, torreão do Observatório Astronómico, Jardim Botânico e lomba de Santa Clara-a-Nova.
No arruamento fronteiro ao portão do Botânico (ligação entre a Alta, Calhabé e Estrada da Beira) passam o coche do Bispo de Coimbra (guardado no Museu Machado de Castro) e diversos camponeses/ou vendedores com burros carregados. A interpenetração cidade/campo é bem evidente. A fonte, de duas bicas, exibe um grande tanque rectangular. O tanque é resguardado por um conjunto de marcos em meio círculo com a típica figuração fálica mediterrânica. Ainda é possível encontrar em ruas da zona histórica, demarcando pórticos de casas, este tipo de menires ostensivamente fálicos.
As vestimentas masculinas e femininas são assaz variegadas: estudantes de calções/Loba/Mantéu e Gorro; criados de estudantes e moços de recados da Alta com cintas, gorros, jalecos de baeta castanha e a orgulhosamente exibida moda nova da calça comprida; tricanas de coca e mantilha; tricanas de capotes, chapeirões de pompons e talhas à cabeça, mulheres de capucha lançada pela cabeça, uma delas com chapeirão e capote de mangas azulado. Vivian era um excelente observador do período Romântico, guiado pelo faro daquilo a que etnólogos e promotores turísticos chamaram "pitoresco" e "típico", tendo deixado surpreendentes reportagens de Coimbra, Porto, Braga e Guimarães.
AMNunes
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