Mulher de Coca e Mantilha
Trajo muito usado em Coimbra entre o século XVIII e a primeira metade do século XIX. Aparece documentado em gravuras de Henry L'Éveque, "Costume of Portugal", Londres, 1814, e também numa riquíssima gravura de Georg Vivian, "Scenery of Portugal and Spain, 1839, autor que desenha esta vestimenta de frente e de costas. A Coca e Mantilha permitia distinguir no tecido sócio-cultural da época as mulheres de estatuto mais elevado. Os elementos mais significativos deste conjunto são, ao nível da roupa de baixo, os sapatos forrados de tecido azul claro, a saia comprida preta e a blusa branca; na roupa de fora, a longa e ampla Mantilha preta, rematada na zona da cabeça por uma farta Coca de papelão forrado de negro. A Coca como que imitava uma concha ou uma raia aberta, tendo na frente uma pala em bico que a dona podia rebaixar por forma a embiocar o rosto. Um tal adorno lembrava os bizarros chapéus das freiras, pelo que após a extinção dos conventos (1834) foi alvo de frequente ridicularização. Pode situar-se na grande família da mantilha das mulheres de Monsanto da Beira, da mantilha e coca das mulheres de Ovar, no Capote e Capelo que se usou em quase todas as ilhas dos Açores até à entrada da década de 1950 (gravura para a Ilha do Faial no citado álbum Corazzi, de 1888) e ainda no muito fotografado manto das mulheres da Ilha Terceira (João Afonso, "O Trajo nos Açores", Angra do Heroísmo, SRAC, 1987).
No caso de Coimbra, a iconografia vestimentária continua distante do figurino clássico da tricana do postal turístico.
Reconstituição e foto: Doutor Nelson Correia Borges para o Grupo Folclórico de Coimbra
AMNunes
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