Fazendo jus à herança urbanística da Polis helénica (Ágora) e da Urbe romana (Forum), os povos mediterânicos delinearam empiricamente terreiros que funcionando como centros cívicos, acolhiam os mercados, as touradas festivas, arraiais de santos populares, brincadeiras infantis e edifícios de certa dignidade ligados ao exercício de funções políticas, sanitárias, religiosas e administrativas.
Em muitas regiões portuguesas do centro, sul e ilhas atlânticas, o terreiro do mercado era vulgarmente designado por "A Praça", dizendo-se "vou à praça", "arrematei na praça", "merquei na praça", "trouxe da praça" e "venho da praça".
A Praça Velha de Coimbra, também dita de São Bartolomeu e do Comércio, pelo menos até meados do século XIX foi um dos mais importantes centros cívicos da Baixa. Ali funcionou o grande mercado municipal diário da cidade, transferido para o novo Mercado D. Pedro V em 17 de Novembro de 1867. Descendo da Rua da Calçada para a praça, passava-se rente à Igreja de São Tiago, adaptada a sede da Santa Casa da Misericódia (foto de baixo, neste conjunto). Bordejando a Praça, viram-se em diferentes tempos os vultos da Igreja de São Bartolomeu, o velho Hospital Real, o Açougue Municipal, o Paço dos Tabeliães e o Pelourinho. Em cada ano, no mês de Agosto ralizava-se neste mesmo recinto a Feira de São Bartolomeu, muito procurada pelos camponeses dos arrabaldes de Coimbra.
Nos dias de grandes solenidades o terreiro era varrido e alisado por ordem da Câmara e decorado com folhas de espadana e festões. Era o tempo de jogar canas e correr touros, armando-se arquibancadas de desmontar. E quanto às Fogueiras do São João, as da Praça Velha foram muito concorridas pelo menos até ao primeiro quartel do século XX, mesmo não tendo atingido o garbo dos foliões do Largo do Romal.
Fotos: "Coimbra, Ontem e Hoje. 1º Aniversário Diário Beiras"
AMNunes
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