Partitura para canto e viola de "Os olhos negros e os azues" (2)
Música: José da Costa e Cunha Vasconcelos Delgado
Letra: José de Vasconcelos
Incipit: Os olhos de Inês são negros
Origem: São Bento (?)
Data: “modinha para canto e viollão, São Bento, 10 de Janeiro de [18]63”
Os olhos de Inês são negros
Os de Júlia cor do céu
Mas dizer quais são mais belos
Decerto não posso eu.
Os negros olhos de Inês
Cintilam com tal ardor
Que fulgurando inquietos
Abrasam peitos d’amor.
De Júlia os olhos azuis
Brilham cheios de doçura,
Em brandos lumes acesos
Nas almas geram ternura.
De Júlia os olhos dão morte
Com seu terno e meigo olhar
De Inês os olhos dão vida
No seu fogo a flamejar.
Adoro os olhos que matam,
Com tão gostoso morrer;
Adoro os negros que fazem
Entre chamas reviver.
Olhos azuis, olhos negros
Eu vacilo de ternura
Entre o gracejando, negros
E dos azuis a doçura.
Se é melhor a morte, ou vida
Que não, não sei dizer,
Quero morrer nos de Júlia
Mas nos d’Inês reviver.
Se a morrer fosse obrigado
Ou quais amo, dizer
Olhos azuis, olhos negros
Vós me verieis morrer.
As quadras cantam-se duas a duas sem separador, bisando-se os dois primeiros versos. O 4º verso da 2ª quadra de cada grupo é repetido 3 vezes.
Música: José da Costa e Cunha Vasconcelos Delgado
Letra: José de Vasconcelos
Incipit: Os olhos de Inês são negros
Origem: São Bento (?)
Data: “modinha para canto e viollão, São Bento, 10 de Janeiro de [18]63”
Os olhos de Inês são negros
Os de Júlia cor do céu
Mas dizer quais são mais belos
Decerto não posso eu.
Os negros olhos de Inês
Cintilam com tal ardor
Que fulgurando inquietos
Abrasam peitos d’amor.
De Júlia os olhos azuis
Brilham cheios de doçura,
Em brandos lumes acesos
Nas almas geram ternura.
De Júlia os olhos dão morte
Com seu terno e meigo olhar
De Inês os olhos dão vida
No seu fogo a flamejar.
Adoro os olhos que matam,
Com tão gostoso morrer;
Adoro os negros que fazem
Entre chamas reviver.
Olhos azuis, olhos negros
Eu vacilo de ternura
Entre o gracejando, negros
E dos azuis a doçura.
Se é melhor a morte, ou vida
Que não, não sei dizer,
Quero morrer nos de Júlia
Mas nos d’Inês reviver.
Se a morrer fosse obrigado
Ou quais amo, dizer
Olhos azuis, olhos negros
Vós me verieis morrer.
As quadras cantam-se duas a duas sem separador, bisando-se os dois primeiros versos. O 4º verso da 2ª quadra de cada grupo é repetido 3 vezes.
Informação complementar:
Modinha de pendor estrófico, em compasso quaternário (4/4) e calmoso tom de Lá Menor, para canto e piano escrita em 27 de Janeiro de 1862 por Costa Vasconcelos. No manuscrito consta uma segunda versão, para “canto e violão”, cuja solfa foi escrita em 10 de Janeiro de 1863. O translado da letra está autografado (Costa Vasconcelos) e datado de 03 de Janeiro de 1863. Recolha na BGUC, Secção de Músicas, cota MM 1012.
Esta modinha não deve confundir-se com “Os Olhos Negros” (Ai meu Deus, Senhor, meu Deus), peça gravada no disco de 78 rpm Odeon 136.271 Og 539 por Luiz Macieira, nem com a famosa “Olhos Negros da Guiné”, repetidamente imputada a anónimo da Ilha Terceira, mas que também se cantava nas serenatas de Coimbra (há quem associe o nome de José Dória a esta composição).
Consultado sobre este espécime, o Prof. Flávio Pinho chama a atenção para a eventualidade de parentela entre o autor da música desta modinha e o «compositor Manuel de Vasconcelos Delgado (1790-1856), de quem a Academia Martiniana gravou em 2002 a “Missa de Requiem” e um moteto (disco “Arganil-200 anos de Música Sacra”)». Uma coisa é certa, no volumoso caderno de músicas manuscritas onde constam estes “Olhos”, ocorrem diversas referências a Arganil. A composição vinha dedicada “A meu mano J. S. C. Vasconcelos”.
Modinha de pendor estrófico, em compasso quaternário (4/4) e calmoso tom de Lá Menor, para canto e piano escrita em 27 de Janeiro de 1862 por Costa Vasconcelos. No manuscrito consta uma segunda versão, para “canto e violão”, cuja solfa foi escrita em 10 de Janeiro de 1863. O translado da letra está autografado (Costa Vasconcelos) e datado de 03 de Janeiro de 1863. Recolha na BGUC, Secção de Músicas, cota MM 1012.
Esta modinha não deve confundir-se com “Os Olhos Negros” (Ai meu Deus, Senhor, meu Deus), peça gravada no disco de 78 rpm Odeon 136.271 Og 539 por Luiz Macieira, nem com a famosa “Olhos Negros da Guiné”, repetidamente imputada a anónimo da Ilha Terceira, mas que também se cantava nas serenatas de Coimbra (há quem associe o nome de José Dória a esta composição).
Consultado sobre este espécime, o Prof. Flávio Pinho chama a atenção para a eventualidade de parentela entre o autor da música desta modinha e o «compositor Manuel de Vasconcelos Delgado (1790-1856), de quem a Academia Martiniana gravou em 2002 a “Missa de Requiem” e um moteto (disco “Arganil-200 anos de Música Sacra”)». Uma coisa é certa, no volumoso caderno de músicas manuscritas onde constam estes “Olhos”, ocorrem diversas referências a Arganil. A composição vinha dedicada “A meu mano J. S. C. Vasconcelos”.
Não dispomos de mais dados sobre os irmãos Vasconcelos. Musicalmente ilustrados, revelam uma amostragem reportorial de salão bastante significativa para a primeira metade da década de 1860. Pelo rosto da composição ADEUS, que contamos vir a editar, sabe-se que Costa Vasconcelos Delgado já era casado em 1863 com Mariana Augusta de Paiva.
Os textos literários de pendor amoroso não deixam, contudo, de revelar um gosto algo arcaizante, marcado pelo arcadismo, e adesões ao Ultra-Romantismo de António Augusto Soares de Passos e Palmeirim. Os trabalhos aparecem autografados em locais como "Sobreira", "Coimbra", "São Bento" e "Arganil". Os clássicos italianos e franceses não lhes eram alheios, sendo explícitas as incursões à obra de Giuseppe Verdi.
Esta modinha deve ter sofrido popularização pois uma das quadras reapareceria décadas mais tarde aleatoriamente cantada na melodia do "Fado das Três Horas" (Reynaldo Varela).
Transcrição musical a partir da solfa autógrafa: Octávio Sérgio (2006)
Texto: António Manuel Nunes
Colaboração e agradecimentos: Prof. Flávio Pinho
Transcrição musical a partir da solfa autógrafa: Octávio Sérgio (2006)
Texto: António Manuel Nunes
Colaboração e agradecimentos: Prof. Flávio Pinho
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