Carreiro

Carreiro ou condutor de carro de bois. Este meio de transporte de mercadorias e de produtos da terra, de utilização mediterrânica milenar, ainda se podia ver em algumas aldeias portuguesas à entrada do século XXI. O carro de bois era uma espécie de "todo-o-terreno" anterior ao tractor e ao camião: servia os carretos mais pesados de pipas de vinho, cestos das vindimas e da apanha dos milhos, pesados feixes de lenha, blocos de cantarias, trouxas de roupas, quiçá doentes e enfermos; nos dias de festa, engalanado com panos de linho e flores, espairecia em romarias, touradas e bodos populares. Em muitas aldeias, era nos carros de bois que se transportava a comitiva de honra da Queima do Judas, da Serração da Velha ou o pipo dos festejos de São Martinho.

A cidade de Coimbra e o Mondego eram regularmente atravessados por carros de bois conduzidos por carreiros, deles havendo notícias e até fotografias. Antes da demolição da Ponte do Ó (1875), um dos divertimentos dos estudantes consistia em pregar partidas aos carreiros que se afoitavam na travessia do estreito tabuleiro de pedra. Em algumas fotografias antigas há vistas de carros de bois em plena travessia do areal do Mondego, com a linha de água muito baixa, a bater nos joelhos dos bois e no eixo do carrão.

Reconstituição feita pelo Grupo Folclórico da casa do Povo do Ceira, que nos autorizou a reprodução a partir do site «http://gfcp-ceira.com/pt».

AMNunes