quarta-feira, novembro 01, 2006

Notícia sobre a Latada
(Diário de Coimbra, 4ª feira, 01 de Novembro de 2006)

Depois da festa pensa-se na contestação
Os responsáveis da DG-AAC queriam que o cortejo da Latada fosse um momento alto de contestação ao ministro Mariano Gago e ao reitor Seabra Santos. Mas a diversão e irreverência falaram mais altoEmbora não o admitam, os dirigentes da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG-AAC) terão ficado um pouco defraudados com o cortejo da Latada, que ontem percorreu algumas das principais artérias da cidade. Não pelo número de estudantes que nele participaram, tão pouco pela irreverência que caloiros e doutores emprestaram à festa, mas sim pela pouco expressiva contestação às políticas do Governo para o ensino superior. E nem se pode acusar a DG-AAC de pouco esforço na tentativa de fazer passar essa mensagem crítica. Desde o início da festa, na semana passada, a DG-AAC levou a cabo uma série de acções junto dos novos alunos. A par disso, distribuiu 20 mil t-shirt’s de apelo à participação na manifestação do próximo dia 9, em Coimbra, e ontem, a abrir o cortejo, mais 15 mil panfletos, que satirizavam Mariano Gago e Seabra Santos. Da autoria do caricaturista Luís Costa, o “flyer” comparava o sonho do ministro (“Portugal vai ser um país de ciência e inovação”) e realidade que o reitor da UC apresenta (a melhor universidade do país, mas com orçamentos diminutos, professores e funcionários no caixote do lixo e alunos a caminho do desemprego).O presidente da DG-AAC reparou nuns quantos cartazes com mensagens políticas. Viu, por certo, aquele no qual os alunos de Engenharia Civil da FCTUC criticavam o atraso no arranque do metro de superfície e o que era empunhado por uma jovem caloira de Psicologia, que aproveitava a letra da mais famosa música da Floribella para dizer que acabaria no desemprego mas com um canudo na mão. Não terá visto muito mais.Ainda assim, justificou a “politização” do cortejo com a crescente preocupação com o caminho que o ensino superior está a tomar. «Não se trata de uma manifestação de rua, mas a brincar também se fazem passar mensagens. Na génese desta festa existe uma vertente de sátira e, no fundo, fazemos críticas à sociedade e a tudo aquilo que nos rodeia», explicou.Fernando Gonçalves quis, por outro lado, sensibilizar a cidade para a luta que diz ser preciso levar a cabo, mas também nesse capítulo não terá sido bem sucedido, uma vez que poucos foram os que assistiram ao cortejo.Da parte dos estudantes ressaltou o interesse inequívoco na festa. Nádia, caloira de Gestão, resumiu numa frase o sentimento da maioria: «Eu quero é divertir-me e conhecer os colegas de faculdade». Natural de Pombal, a futura gestora congratulou-se com o facto de ter acertado na escolha: «É a cidade com melhor ambiente universitário e estou mais perto de casa». Sobre as manifestações de contestação, deixa-as para mais tarde. Até porque era preciso angariar a verba necessária para o jantar de curso que haveria de acontecer depois do cortejo.

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