segunda-feira, novembro 27, 2006


Reconhecido pela UNESCO
Samba de Roda do Recôncavo Baiano é Património da Humanidade

Paris - O samba de roda da Bahia foi proclamado, no dia 25 de Novembro, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Património da Humanidade na categoria de expressões orais e imateriais.
O anúncio das 43 novas obras-primas do Património Oral e Imaterial da Humanidade foi feito pelo director-geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, com o objectivo de distinguir as formas de expressão populares e tradicionais e sensibilizar a opinião pública para o reconhecimento do valor de seu património. Nascido no Recôncavo Baiano, o samba de roda é um estilo musical afro-brasileiro tocado por um conjunto de pandeiro, atabaque, berimbau, viola e chocalho, acompanhado por canto e palmas, e está associado a datas festivas do Candomblé. É a segunda manifestação cultural brasileira a ganhar o título de património da humanidade. Em 2003, foram inscritas as expressões gráficas dos índios Wajãpi, uma tribo que vive no Amapá. O título internacional de obra-prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade foi criado pela UNESCO, em 2001, como forma de estimular os governos, as organizações não governamentais (ONG) e as próprias comunidades locais a reconhecer, valorizar, identificar e preservar o seu património intangível. A proclamação ocorre a cada dois anos, a partir de uma selecção de espaços e expressões de excepcional importância, feita por meio de um júri internacional, dentre as candidaturas oferecidas pelos países. No caso do Brasil a candidatura do samba de roda foi estimulada pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, e competentemente preparada pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sob a coordenação do etnomusicólogo Carlos Sandroni. As 43 novas obras-primas foram escolhidas por um júri de 18 membros. A reunião aconteceu entre 20 e 24 de Novembro, quando foram analisadas 64 candidaturas nacionais ou multinacionais. Em 2001 e 2003, foram escolhidas 47 obras-primas, sendo que 27 já recebiam ajuda da UNESCO, particularmente, nas operações de salvaguarda financiadas pelo Japão. Em 2003, a Conferência Geral da UNESCO adoptou a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, a qual estipulou que fosse criada uma Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, juntamente, com uma Lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Emergencial. Estes dois dispositivos substituirão a proclamação, que provavelmente teve sua última versão neste ano. A Convenção estará em breve vigente, uma vez que 30 Estados-membros a ratifiquem (26 já o fizeram). Durante a abertura da reunião do júri, realizada em 21 de Novembro, Koichiro Matsuura declarou: «Nós não devemos considerar essa fase como um último passo, mas sim como um momento de nascimento. De facto, a experiência acumulada nos últimos seis anos em termos de metodologia de identificação e selecção das obras-primas e, também, em termos de lições concretas aprendidas a partir de planos contínuos de salvaguarda constituem referências insubstituíveis que terão grande utilidade na implementação da Convenção Sobre a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial». Lembrando o crescimento no número de candidaturas (31, em 2001, 56, em 2003, e 64, 2005), Matsuura concluiu que os números são «testemunhas do envolvimento dos Estados-membros na salvaguarda de seus patrimónios culturais imateriais”». As 43 obras-primas proclamadas este ano são as seguintes: A música isopolifónica popular albanesa (Albânia); a música Ahellil de Gurara (Argélia); a música Duduk (Arménia); os cantos Baul (Bangladesh); gigantes e dragões processionais da Bélgica e da França (Bélgica e França); a dança mascarada com tambores de Drametse (Botão); o samba de roda do Recôncavo de Baiano (Brasil); as «babi» (avós) de Bistritsa - polifonias, danças e práticas rituais arcaicos da região de Shopluk (Bulgária); o teatro de sombras jémer Sbek Thom (Camboja); a arte musical de Muqam uigur del Xinjiang (China); o espaço cultural de Palenque de San Basilio (Colômbia); a tradição dos boiadeiros e carroças (Costa Rica); o instrumento musical «fujara» e a sua música (Eslováquia); a Patum de Berga - festa popular (Espanha); a epopeia Yakute Olonjo (Rússia); a epopeia Darangen dos maranaos do lago Lanao (Filipinas); o balé Rabinal Achí (Guatemala); Ramlila - representação tradicional da Ramayana (índia); o Keris indonésio (Indonésia); o canto «A Tenore» da cultura pastoral sarda (Itália); o teatro Kabuki (Japão); o espaço cultural dos bedu en Petra e Uadi Rum (Jordânia); o Vimbuza - dança da curação (Malai); o Gule Wamkulu (Malai, Moçambique e Zâmbia); o Mat Yong (Malásia); o espaço cultural de yaaral e do degal (Mali); o Museu de Tan-Tan (Marrocos); os cantos Urtiin Duu dos mongóis (Mongólia e China); o Chopi Timbila - dança e música tradicional (Moçambique); o Güegüense (Nicarágua); o sistema de adivinhação Ifa (Nigéria); o Hikaye palestino (Palestina); a arte têxtil de Taquile (Peru); a Slovácký Verbuňk - dança dos recrutas (República Checa); o festival Gangneung Danoje (República de Coréia); o drama bailado Cocolo (República Dominicana); o Căluş (Roménia); o Kankurang - rito de iniciação à sociedade mandinga (Senegal e Gâmbia); a cerimónia Mevlevi Sema (Turquia); os tecidos de corte vegetal (Uganda); o espaço cultural dos gong das Mesetas Centrais (Vietname); a mascarada dos makishi (Zâmbia) e a dança Mbende/Jerusarema (Zimbabué).
E. M.
Fonte: notícia do "Jornal Digital", edição de 30/11/2005
«http://www.jornaldigital.com/»
Sites contíguos:
"Salvador-O Samba de Roda..."
www.r2cpress.com.br/
"Samba de Roda da Bahia: Patrimônio da Humanidade"
artecidadania.locaweb.com.br/
"O Samba de Roda..." (site do Ministério da Cultura do Brasil)
www.cultura.gov/br/
AMNunes

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