sábado, dezembro 30, 2006



História da Universidade de São Paulo

"Universidade de São Paulo: seus reitores e seus símbolos", São Paulo, Editora Universidade de São Paulo, 2006, é uma obra da autoria de Rosana de Oliveira OBA, especialista em administração e protocolo.

Na capa podem ver-se antigos reitores com capelo (dito "samarra" e "pelegrino") da cor da especialidade científica. A cor branca é atribuição específica da dignidade reitoral. A influência das insígnias da Alma Mater Conimbrigencis em termos de insígnias e de cerimonial são inegáveis. A Universidade de São Paulo, fundada em 1934, incorporou a Faculdade de Direito de Olinda (1827), velho centro aculturador de costumes conimbricenses como as Insígnias Doutorais, as serenatas (com modinhas, lunduns e árias) e repúblicas de estudantes.

O livro foi apresentado ao público em 31 de Julho de 2006.

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Universidade de São Paulo (I)
Barrette de inspiração conimbricense usado na USP unicamente pelos reitores. Designado erroneamente por "capelo", trata-se em bom rigor de um barrete circular com borla e pega central. Está associado à ideia de coroa real (aurea coronis), simbolizando o poder temporal dos reitores e a súmula de todos os saberes. A Borla e Capelo são uma herança da antiga Faculdade de Direito de Olinda (1827), integrada na USP em 1934.
A pesquisa dos elementos relativos à USP foi possível graças aos preciosos préstimos do Dr. João Caramalho Domingues, de quem transcrevemos o seguinte fragmento de mensagem:
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Universidade de São Paulo (II)
Capelo branco com rosáceas e alamares, na cor distintiva do Reitor. O branco, adoptado como cor oficial dos reitores simbolizava nas universidades de Coimbra e Salamanca a Sagrada Teologia.
Na paleta das cores litúrgicas da Igreja Católica, o Branco é a soma de todas as cores, significando Pureza e Alegria. Usa-se em todas as festividades católicas, exceptuando os rituais da Paixão de Cristo.
O Verde, símbolo da Esperança da Vida e da Paz, usa-se nos domingos que se seguem à Epifania, até à Septuagésima, e entre o Pentecostes e o Advento. Era a cor de Cânones em Coimbra e Salamanca.
O Vermelho, símbolo do Fogo, do Amor, Caridade e Martírio, usa-se nas festividades do Espírito Santo, Santa Cruz, Santos Mártires e Domingo da Paixão. Era a cor de Leis em Coimbra, Salamanca e Paris. O Roxo, símbolo da Tristeza e Penitência usa-se na Quaresma e no Advento. Seria adoptado no século XX nas universidades do Porto, Lisboa e Coimbra como símbolo de Farmácia.
A cor Rosácea, símbolo da Alegria em tempos de penitência, usa-se no 3º domingo do Advento e no 4º domingo da Quaresma.
O Preto, símbolo do luto, dor e tristeza, vestia-se na Sexta-Feira Santa.
O Amarelo, símbolo da Riqueza e Omnipotência, usava-se em festividades solenes do calendário católico. Era a cor oficial de Medicina em Coimbra e Salamanca, e das Humanidades em França.
O Azul Celeste, unicamente usado nas festas de Nossa Senhora da Conceição, carecia de prévia autorização papal. Esta cor passaria a estar ligada às Ciências Naturais e Exactas.
Na USP a samarra (=capelo ou pelegrine) pode ser usada pelos doutorados na cor científica respectiva. Como se pode ver pela fotografia divulgada através do site oficial da instituição, este capelo é já uma versão bastante simplificada de um modelo mais ascentral.
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Universidade de São Paulo (III)
Grande colar reitoral.
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Universidade de São Paulo (IV)

Retrato do Reitor António Guerra Vieira (1982-1986), com Beca talar preta de figurino judiciário, samarra (=capelo), capelo (=borla) e colar reitoral. Dos 22 quadros a óleo analisados, só a partir do 17º reitor (Waldyr Oliva, 1978-82) passou a predominar na galeria oficial a representação das insígnias em cor branca.
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Universidade de São Paulo (V)
Retrato do Reitor Miguel Reale (mandato 1969-1973), sem borla e capelo.
O reitor limita-se ao grande colar e a uma cinta vermelha (cor da especialidade científica, Ciências Jurídicas?). A Beca preta, por vezes confundida com alegada origem conimbricense, correlaciona-se com o mundo judiciário.
Fonte: http//www.usp.br/gr/reitores..php
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Universidade de São Paulo (VI)
Retrato do Reitor Linneu Prestes (1947-1949), sem borla e capelo nem colar reitoral.
O peito da beca apresenta lavores em negro, nomeadamente rosetas e tufos, numa curiosa aproximação à Beca herdada das Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto.
Relativamente ao exterior da Beca, o que parece ver-se é uma Capa preta com gola e bandas. A confirmar-se a minha suspeita, poderemos estar em presença de um reitor oriundo do mundo judiciário, com direito ao uso de Beca e Capa segundo o modelo recebido dos Juízes Conselheiros do Supremo Tribunal brasileiro de oitocentos.
Não seria caso invulgar em termos comparativos, sabido que na Alma Mater Conimbrigensis são consideradas exepções ao Hábito Talar os hábitos monacais e as vestes eclesiásticas. O mesmo acontece na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é admitida a Toga a docentes que sejam magistrados judiciais e ainda o hábito clerical (cf. www2.uerj.br/).
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Universidade de São Paulo (VII)
Retrato do Reitor Domingos Meira (1939-1941), com Beca preta talar, samarra (=capelo) de volta dupa e gravata de folhos. Cabeça descoberta.
O verde esmeralda está associado às Ciências da Saúde.
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Universidade de São Paulo (VIII)
Reitor Lúcio Martins Rodrigues (mandato 1938-1939), com samarra azul escura idêntica ao modelo do capelo conimbricense.
O azul está ligado às Tecnologias e Ciências Exactas.
Com o passar dos anos constata-se que a samarra sofre crescente simplificação na USP.
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Universidade de São Paulo (IX)
O primeiro Reitor da USP, Reynaldo Porchat (1934-1938), com Beca talar preta e samarra (=capelo) vermelho rubi de Ciências Jurídicas.
Estão omissos na figuração a gravata de folhos, o colar reitoral (ainda não teria sido aprovado) e o barrete.
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Orfeon Académico de Coimbra de 1942-43. Foto extraída, tal como a seguinte, do LP Saudades da Rua Larga - Fados de Coimbra, editado em 1982 pela Rádio Triunfo.



Carlos Figueiredo, F Serrano Batista e Almeida Santos, no início da década de quarenta.


Faculdade de Direito de Alagoas

Brasil, 07 de Dezembro de 1956: investidura honoris causa do Presidente Jucelino K. de Oliveira pela Faculdade de Direito de Alagoas. Fundada em 1931, esta escola viria a ser integrada na Universidade Federal de Alagoas, cuja fundação remonta a 1961.

O Presidente Jucelino também foi doutorado honoris causa pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 08 de Agosto de 1960. O barrete e o capelo são praticamente idênticos ao modelo conimbricense.

A ausência de informações relativas ao Brasil fez supor que o Hábito Talar e as Insígnias Doutorais da tradição conimbricense (só) haviam criado um nicho de influência mais persistente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Esta era a informação disponível em Coimbra na 2ª metade da década de 1980, quando ali desenvolvi pesquisas sobre o historial do Hábito Talar e Insígnias. O acesso à iconografia brasileira diz-nos que as primitivas Faculdades de Direito do Brasil acusaram mais cedo esta influência: Olinda (1827), Recife (1854).

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Direito_de_Alagoas-28k-

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Universidade Federal de Pernambuco

Gilberto Freye (1900-1987) com flores, borla e sumptuoso capelo: doutoramento honoris causa do escritor pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife, no dia 26 de Novembro de 1971.

De súbito, um certo esplendor barroco, a remeter para raízes conimbricenses. Retomam-se aqui dispersões do cerimonial universitário ibérico nas antigas escolas superiores da América Latina. O Barrete de Borla e o Capelo oriundos da Universidade de Salamanca assinalados no México; reflexos do cerimonial conimbricense em Olinda, Recife e Alagoas.

Fonte: copyright da Fundação Gilberto Freyre, http://www.bvgf.fgf.org.br/

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Gilberto Freyre na Universidade de Munster
Fotografia ilustrativa da cerimónia de doutoramento honoris causa de Gilberto Freyre pela Universidade de Munster, no ano de 1968.
Destaque para a profusão de becas talares, eitógio, gorras, e docente brasileiro com borla e capelo inspirados na tradição de Coimbra.
Fonte: copyright da Fundação Gilberto Freyre, http://www.bvgf.fgf.org.br/
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Gilberto Freire honoris causa por Munster

Apontamento da cerimónia de doutoramento honoris causa de Gilberto Freyre pela Universtat de Muenster (fundada em 1780), Alemanha, 1968.

Além do laureado, estão presentes Vamirech Chacon, Celso Furtado (borla e capelo próximos da Alma Mater Conimbrigencis) e Florestan Fernandes.

Fonte: copyright da Fundação Gilberto Freyre, http://www.bvgf.fgf.org.br/

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Cumprimentos a Gilberto Freyre

Terminada a investidura honoris causa pela Faculdade de Direito do Recife, Gilberto Freyre recebe os cumprimentos da autoridade académica. Sobre a beca preta talar parecem ver-se uma longa murça de setim e, por fora desta, um capelo de rosáceas e alamares (09 de Maio de 1956).

O laureado não veste o trajo protocolar da FDRecife mas sim a beca e barrete da Universidade de Columbia (USA, New York) por onde fora doutorado honoris causa em 31 de Outubro de 1954.

Fonte: copyright da Fundação Gilberto Freyre, http://www.bvgf.fgf.org.br/

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Honoris Causa de Giberto Freire na Faculdade de Direito do Recife

Gilberto Freyre assina os documentos relativos à investidura honoris causa (09/05/1956).

É acompanhado no acto pelo reitor que, de cabeça descoberta, veste beca talar preta, murça pela altura dos cotovelos e "samarra" (=capelo) próximo da tradição conimbricense.

Fonte: a fotografia tem o copyright da Fundação Giberto Freire, de cujo site foi retirada para efeitos de estudo comparativo (http://www.bvgf.fgf.org.br/

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Faculdade de Direito do Recife

Cerimónia de doutoramento honoris causa de Gilberto Freire em 09 de Maio de 1956.

Fonte: a fotografia tem o copyright da Fundação Gilberto Freire, tendo sido utilizada para fins de estudo através do endereço http://www.bvgf.fgf.org.br/

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Antiga Faculdade de Direito do Recife

(Universidade Federal de Pernambuco)

Brasil: cerimónia de doutoramento honoris causa de Gilberto Freyre pela Faculdade de Direito do Recife em 09 de Maio de 1956 . Esta Faculdade é das mais antigas do Brasil (1854).

Contraste entre o discursante erecto, com beca e barrete de figurino anglo-saxónico (Columbia), e o elemento sentado com capelo semelhante ao modelo da Alma Mater Conimbrigensis.

O sociólogo e escritor brasileiro Gilberto de Mello Freire também foi doutorado honoris causa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 18 de Novembro de 1962, mas não dispomos de fotografia da investidura.

Fonte: a fotografia tem o copyright da Fundação Gilberto Freyre, tendo sido utilizada para fins de estudo comparativo através do endereço http://www.bvgf.org.br/

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Universidade de Brasília

Brasil, 05 de Dezembro de 2006: Lauro Morphy exibe o diploma de Professor Emérito que acaba de lhe ser atribuído pela Universidade de Brasília. A fotografia deixa adivinhar uma murça de seda ou setim, com bordados florais e um cordão dourado com borlas. Esta murça é designada correntemente nos meios universitários brasileiros por "samarra". Porém, o modelo usado na Universidade de São Paulo reflecte bastante mais acutilantemente a influência conimbricense. Na Universidade de Brasília foram abandonadas a Beca talar preta e o barrete, podendo a murça ser envergada com fato civil. Nos eventos internos segue-se o protocolo de Estado.

Nesta universidade, fundada em 1962, distingue-se entre Professor Emérito, Professor Honoris Causa e Doutor Honoris Causa.

Fonte: http://www.unb.br/

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Universidade Federal da Bahia


Brasil: Naomar Filho, Reitor da Universidade Federal da Bahia, entrega ao Presidente angolano José Eduardo dos Santos a medalha certificativa do doutoramento honoris causa. A investidura teve lugar no dia 02 de Maio de 2005, no salão Nobre da Reitoria.

Nesta insituição de ensino superior, fundada em 1946, a objectiva do fotógrafo não captou elementos que apontem para a solenização cerimonial por via de um trajo ou de insígnias. Tudo se passa em ambiente "civil", totalmente dessacralizado, com recurso ao protocolo de Estado: mesa de honra, discursos laudatórios, entrega de medalha/e diploma (?). Opção institucional pela indiferenciação sócio-profissional?

Ressalvando os poucos casos de faculdades de gesta oitocentista (Ex: Direito em Olinda, Recife), os estabelecimentos de ensino superior brasileiros foram fundados no século XX. A ausência de dados mais substanciais sobre esta matéria não nos permite formular generalizações. Porém, os estabelecimentos de ensino superior brasileiros parecem oscilar entre a rejeição ostensiva do cerimonial (caso da Universidade Federal da Bahia), as seduções do universo norte-americano e a ténue herança da influência da Alma Mater Conimbrigencis (capelo e barrete).

Fonte: http://fesa.org/br/

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sexta-feira, dezembro 29, 2006
























Extraordinária caricatura de Jorge Gomes, por José Maria Oliveira. Há já a promessa de brevemente aparecerem neste Blog, Francisco Martins e António Portugal. Este artista está a enriquecer a cultura guitarrística coimbrã, com estes trabalhos de alto nível.
Transcrição do seu e-mail:
AÍ VAI UM BONECO COM MEU VELHO AMIGO GOMES, INSPIRADO NUMA FOTO MAIS NÍTIDA QUE FUI BUSCAR AO BLOG. NÃO TINHA GRANDE DEFINIÇÃO, MAS CREIO QUE TEM ALGUNS TRAÇOS.
COM ELE ALGUNS ALUNOS E UMA ALEGORIA - ATRAVÉS DOS PÁSSAROS - AOS NOSSOS TEMPOS DE ÁFRICA E AO "PAPAGUEADO" REINANTE NA CULTURA PORTUGUESA.


Antigos Tunos e Advocal na Madeira, no princípio deste mês. Jornal Centro de 27-12-2006.


O Reitor e os Lentes em 1881

Deixemos para trás Joaquim A. S. de Carvalho e a década de 1850, saltando para os anos do Tricentenário de Luís de Camões.

Em Março de 1881 o fotógrafo francês J. David realizou na UC diversas tomadas relativas aos edifícios, corpo docente, comissão dos festejos camonianos e Orpheon de João Arroyo. Todas estas riquíssimas fotografias vieram a ser editadas no álbum "Universidade de Coimbra (1880-1881)", Paris, J. David Phot. Levallois, 1881. O Dr. Octaviano do Carmo e Sá era detentor de um exemplar deste álbum, o qual veio a ser incorporado na BGUC. Tive o ensejo de o consultar (deliciado, devo acrescentar, pois as fotografias são notáveis) em 1989, por indicação da Dra. Graça Pericão. Posteriormente fiz reproduzir a fotografia supra no pequeno álbum "A Alma Mater Conimbrigensis na fotografia antiga", Coimbra, GAAC, 1990, foto 7, mas em péssimas condições resultantes do uso de microfilme.

Os diversos lentes, acompanhados pelo Reitor Júlio Pimentel , estão já devidamente identificados pela muita perseverança do Alexandre Ramires.

Fonte: Alexandre Ramires, "Passado ao Espelho", Coimbra, Edição do Museu de Física da UC, 2006, p. 56.

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Joaquim de Carvalho

Retrato de Joaquim Augusto Simões de Carvalho, lente de Philosophia Chimica na Faculdade de Filosofia Natural que nas suas lições de 1850 leccionava matéria correlacionada com a fotografia.

Belíssimo retrato em Hábito Talar, com Borla e Capelo. A veste talar segue o figurino anterior às reformas operadas na década de 1860. O franjado do barrete apresenta uma figuração muito rara, formando losangos semelhantes à malha das redes de pesca (comparar esta solução com uma figura do quadro "Esponsais da Virgem", Museu Nacional de Arte Antiga, ca. 1520).

Esta pose pictural e fotográfica viria a ser abandonada na passagem para o século XX (excepção em Carolina Michaellis), cedendo espaço a representações erectas.

Fonte: Alexandre Ramires, "Passado ao Espelho. Máquinas e Imagens das vésperas e primórdios da Photographia", Coimbra, Edição do Museu de Física da UC, 2006, p. 36.

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Feira Franca dos Estudantes

O Largo da Feira em dia de feira franca, pela década de 1870. Fotografia da colecção particular de Alexandre Ramires, divulgada pelo próprio no catálogo "Passado ao Espelho. Máquinas e Imagens das vésperas e primórdios da Photographia", Coimbra, Museu de Física da UC, 2006, p. 58. A fotografia foi tirada de uma janela do Colégio dos Lóios (sede do Governo Civil), possibilitando uma vista muito abrangente do largo rectangular, das lonas das barracas, arvoredo e casario.

À semelhança da Feira Franca da Universidade de Salamanca, D. João III instituíu na UC uma Feira Franca dos Estudantes, realizável semanalmente às 3ªs, no terreiro fronteiro ao adro da igreja do Colégio de Jesus (futura Sé Nova). Esta feira ocorreu regularmente até 17 de Agosto de 1899, data do seu encerramento definitivo por decisão camarária.

O Largo da Feira foi por séculos o forum académico por excelência. Ali se realizavam serenatas, discursos, assembleias magnas, a Queima das Fitas, provas espontâneas de ginástica, combates de jogadores de varapau e a temível "bicha" que serpenteando entrava e saía de vendas e tabernas.

Sobre a Feira dos Estudantes havia um engenhoso enigma:

Estava uma mulher sentada junto de uma mesa, com trajo e aspecto de regateira. Na mesa tinha coisas de comer como queijo, frutas e bolos. Tinha também à volta muitos pagens e um trinchante que estava trinchando em uma mesa...

(a Mulher era a Feira dos Estudantes; as Coisas de Comer eram os produtos de venda; os Pagens e Moços eram os estudantes compradores; o Trinchante era o Almotacé com a sua vara)

Deste largo dizia o cancioneiro popular:

Adeus, ó Largo da Feira

Cercado de cravos brancos,

Onde o meu amor passeia

Domingos e dias santos.

Também a satírica moda "Francisco Badarra" verrinava:

Senhor Francisco Bandarra,

Na Feira dos Estudantes,

Passeia de noute e dia,

Só para ver as amantes.

(cf. CD "Cantares de Coimbra", Coimbra, GFC-01, 1999, faixa nº 8, pelo Grupo Folclórico de Coimbra numa das suas notáveis reconstituições)

Famoso para todo o sempre ficaria este Largo da Feira no in memoriam que Eça de Queirós escreveu poeticamente sobre Antero de Quental ("Um génio que era um santo"), quando numa noite de Primavera o ouviu a discursar no adro da Sé Nova:

"É o Antero!... (...) Então,... destracei a capa, também me sentei num degrau, quase ao pé de Antero que improvisava, a escutar, num enlevo, como um discípulo. E para sempre assim me conservei na vida".

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James Bruce

Retrato do escossês James Bruce (1730-1794), cujo nome ficou associado à exploração da Etiópia e das nascentes do Nilo.

Os elementos ornamentais desta casaca de luxo, com as suas rosáceas bordadas e alamares, voltam a convocar um certo ar de família marcado por soluções distintivas comuns ao clero e à nobreza no Antigo Regime.

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Frederigo da Montefeltro

Grande plano do barrete do Duque de Urbino (1422-1482), Frederigo da Montefeltro, numa realização de Piero della Francesca (ca. 1470).

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Universidade de Sannio (IV)

Cerimónia de doutoramento honoris causa de Leopold Felsen (da Universidade de Boston) em Engenharia das Telecomunicações (20/02/2003): com a cabeça descoberta, I. M. Pinto profere a laudatio.

Fonte: www.ing.unisannio.it/

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Universidade de Sannio (III)

O Prof. Michele di Santo entrega lembranças ao laureado Leopold Felsen (20/02/2003).

Fonte: www.ing.unisannio.it/

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Universidade de Sannio (II)

O Magnifico Rettore Aniello Cimitile entrega ao Prof. Felsen o diploma do doutoramento honoris causa em Engenharia das Telecomunicações (20/02/2003).

As semelhanças vestimentárias com a Universidade de Perugia são marcantes. No reitor, a murça de arminhos remete para a tradição universitária medieval italiana.

Fonte: www.ing.unisannio.it/

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Universidade de Sannio (I)

Itália: na Università de Sannio, fundada em 1997, o Prof. Leopold Felsen (da Universidade de Boston), já devidamente trajado com beca, romeira e barrete, profere breve oração com vista à obtenção da laurea honoris causa em Engenharia de Telecomunicações (20/02/2003).

Só muito recentemente, graças aos contributos aportados pela internet se começou a urdir uma visão mais completa e globalizante do fenómeno universitário docente e discente ocidental que após o fim das ditaduras ibéricas e queda do Muro de Berlim se encaminhou para uma autêntica "corrida às capas e becas". Na Coimbra dos anos que se seguiram a 1974, certas elites marcadas por extrema radicalidade dessacralizadora e opacidade nihilista, quiseram crer erroneamente que se tratava apenas de incómodo fenómeno reaccionário passante.

Com efeito:

-UC e Academia de Coimbra achavam-se divididas entre vontade de reactivação do legado patrimonial afectivo-simbólico e a estigmatização radical dos símbolos tradicionais. As tentativas de abordagem debruçadas sobre o pouco conhecido universo do Cerimonial e Protocolo universitários, além de não encontrarem terreno favorável, corriam o risco de dupla incomprensão: a) por parte de sensibilidades mais afectas ao mundo do simbólico e das tradições, que no momento não desejavam ser publicamente estigmatizadas com a férula do reaccionarismo; por parte das sensibilidades ditas mais progressistas, de todo avessas a matérias suspeitas de conivência com os tradicionalimos;

-as elites universitárias conimbricenses mais directamente ligados aos corpos docente e discente revelaram-se totalmente incapazes de obviarem a uma interpretação válida dos fenómenos portugueses académicos apostados na invenção de tradições estudantis. O caso mais flaglante respeita ao modo como Coimbra não soube "ler" o aparecimento do trajo estudantil na Universidade do Minho (o Tricórnio). Os diversos pedidos de jovens universidades e politécnicos, feitos na década de 1980 à UC para cedência de documentação sobre o protocolo e o cerimonial, também não foram correctamente descodificados. Que não era apenas um "irritante fenómeno de imitação", podemos dizê-lo hoje tranquilamente;

-aquilo que se julgou ser apenas um epifenómeno português reaccionário vivido um pouco por todo o Portugal nas décadas de 1980-1990 (daí a questão, "por que motivo instituições portuguesas tão recentes apostam na instauração de trajos, festividades e rituais?"), era apenas a ponta do iceberg de um movimento ocidental transversal ao ensino superior espanhol, francês, italiano, britânico, países de leste incluídos, com reflexos em campos como as confrarias gastronómicas e vinícolas;

-esta incapacidade de compreensão coimbrã perante a ofensiva simbolizadora local e portuguesa em geral (na medida em que abarcou a maior parte dos jovens estabelecimentos de ensino superior), talvez ajude a percepcionar com mais clareza a notória falta de intercolutores para trabalhos que desenvolvi nesta área entre 1988-1990. E não deixo de lamentar tamanho desperdício, tanto mais que agora conheço em profundidade o apreço que esta temática começara a merecer nas universidade espanholas, mormente em Salamanca.

Fonte: www.ing.unisannio.it/

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Programa do Cd Natal

"NATAL. Antigos Tunos da Universidade de Coimbra", Coimbra, AATUC 004, 2004.

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NATAL

"Natal" é um cd gravado pelos Antigos Tunos da Universidade de Coimbra em 2004, sob regência de Augusto Mesquita. Contém 14 composições, sendo a nº 13 uma rapsódia solada na Guitarra por José dos Santos Paulo.

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quinta-feira, dezembro 28, 2006





















Cartaz a aunciar a homenagem a Amália Rodrigues, realizada a 29 de Novembro, no Teatro S. Luís, em Lisboa. Do site http://macua.blogs.com/o_fado_e_portugal/


O disco que se apresenta na imagem é recente: gravado no Luxemburgo em Abril deste ano pelo Luís Plácido - meu primeiro acompanhante nas lides das serenatas em Coimbra - e pelo seu colega, também antigo estudante de Coimbra, a ele o comprei!Tem variações, estudos, rapsódias e fados, que ouvi com geral agrado. Pouco sei para avaliar ao milímetro a execução. Apenas uma nota: lamentei ouvir do Luís que se não dá com o irmão, também executante do fado de Coimbra! Com eles me iniciei na canção da Lusa-Atenas! E com eles desenvolvi o que sempre cultivei com apaixonado gosto!Recomendo a compra. Do Blog de José Paracana artenosatos.



Universidade de Perugia (VI)

Tendo recebido o Livro da Sabedoria, a Beca e o Barrete, o laureado honoris causa Domenico Maffei contempla o Diploma exibido pelo Reitor (03/03/2006).

Fonte: www.unipg.it/

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Universidade de Perugia (V)
Momento da investidura da beca ao laureado Domenico Maffei, em presença do reitor e membros do corpo docente (03/03/2006).
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Universidade de Perugia (IV)

O Reitor, em presença do Director da Faculdade de Direito e membros do corpo docente, entrega o Livro da Sabedoria ao laureado honoris causa Domenico Maffei (03/03/2006).

O Reitor usa como elementos distintivos canhões de arminhos nas mangas da beca e um murça de luxo de pelagem completa (barrete invisível). O canditato ainda não vestiu a beca.

Fonte: www.unipg.it/

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Universidade de Perugia (III)
Os membros da comissão da laurea honoris causa de Domenico Maffei no momento da votação (2006). O elemento central é o Magnifico Rectore, cuja murça de arminhos se distingue das restantes (Director da Faculdade de Direito e lentes).
Em frente à mesa, destaque para as maças da soberania do Studium (Rectorial Insignia).
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Universidade de Perugia (II)

Diversos lentes da Faculdade de Direito da Universidade de Perugia. Notam-se distinções entre a beca, barrete, estola, murça dos doutores e as insígnias do Director da Faculdade Mario Volpi (debrum a ouro na base do barrete; grande colar com medalha; extenso remate da murça com arminhos).

Momentos que antecederam a cerimónia de conferimento da laurea honoris causa a D. Maffei em 2006.

Os elementos constitutivos da beca dos lentes da Slovenskej (Eslováquia), dados a conhecer neste blog por Armando Luís de Carvalho Homem em post de 15/12/2006, apresentam semelhanças demasiado óbvias com a beca de Perugia: verticalidade tendencialmente talar, mangas largas com canhões distintivos, contida romeira de ombros...

Quanto a Perugia, teríamos o seguinte esquema:

-lentes doutorados: beca preta talar com mangas de boca de sino e romeira curta. Aplicações de debruns ouro nas mangas e bainha da romeira; gravata branca de folhos, à séc. XVIII; estola bordada, com as extremidades rematadas por 4 borlas ouro, de aplicação no ombro esquerdo; cordão duplo, dourado, cosido entre a costura do ombro esquerdo e o peito, com remate de 2 borlas; barrete preto conforme o modelo usado no século XVI pelos humanistas europeus;

-directores de faculdades: beca preta talar, idêntica ao modelo geral usado pelo corpo docente; distinções no colar de honra com medalha circular, aplicação de arminhos na murça e ornato dourado circular na base do barrete;

-reitor: trajo semelhante enriquecido por estola bordada e cordões. Distinções ao nível das mangas da beca e da murça integralmente revestida de arminhos.

Fonte: www.unipg.it/

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Universidade de Perugia (I)

O lente Ferdinando Treggiari, nas suas funções de Padrinho do doutorando honoris causa pela Faculdade de Direito Domenico Maffei. Aspecto da cerimónia realizada no dia 03/03/2006.

A Universidade de Perugia, Itália, remonta ao século XIII.

Fonte: www.unipg.it/

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Universidade de Trento (IV)

Trecho da assistência ao doutoramento honoris causa em Direito, de M. Iginio Rogger, no dia 12/04/2006.

O espaço escolhido para a realização da cerimónia é semelhante aos cenários adoptados nas últimas décadas em instituições francesas, norte-americanas, portuguesas e espanholas. Quanto aos elementos do corpo docente destacados nesta fotografia, embora não dispondo de informes seguros que sustentem a hipótese, estou em crer que as romeiras pretas sem ornatos respeitarão a um patamar inicial ou intermédio da carreira profissional. Por outro lado, as sugerências historicistas presentes neste trajo não devem perder de vista que a Universidade de Trento foi fundada em 1983.

Fonte: www.unitn.it/

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Universidade de Trento (III)

Aspecto da assistência ao doutoramento honoris causa de M. Rogger, em 14 de Abril de 2006.

O trajo comum dos membros do corpo docente parece ser composto por beca preta talar (mangas decoradas na cor científica da especialidade), barrete preto rematado por borla e romeira preta debruada a arminhos.

Fonte: www.unitn.it/

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Universidade de Trento (II)
Laurea honoris causa de M. Iginio Rogger, após a imposição do barrete de borla (2006).
Nota-se uma certa diversidade ao nível das coberturas de cabeça, distinções que se alargam aos elementos que revestem os ombros: dupla murça de luxo em arminhos, romeira preta com debruns a arminhos, romeiras pretas sem qusiquer ornatos (a lembrar uma peça de vestiária dos padres e seminaristas).
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Universidade de Trento (I)

Cerimónia de conferimento da laurea honoris causa em Direito a Monsignor Iginio Roger, em 12 de Abril de 2006.

O doutorando encontra-se sentado na tribuna de honra. De cabeça descoberta, veste beca preta talar, com romeira de ombros e canhões verdes de setim nas mangas. A indumentária é complementada por rica murça de arminhos com contrastes a preto, aberta na frente. A murça de arminhos era desde o período medieval distintivo dos reis, papas, arcebispos e membros do corpo docente da Universidade de Bolonha. Já tivémos o ensejo de observar o seu regresso triunfal no mundo universitário de países de Leste graças aos levantamentos efectuados por Armando Luís de Carvalho Homem.

Fonte: www.initn.it/

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Universidade de Macerata

Itália: momento da entrega do diploma ao doutorando honoris causa Philippe Robert (25/10/2005).

A luxuosa murça de arminhos contrasta com a banalização do cerimonial e das restantes indumentárias.

Fonte: www.unimc.it/

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Universidade de Cagliare

Retrato do lente de Medicina Pietro Leo.

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Universidade de Bolonha

Breve lição proferida por Lucio Dalla durante a atribuição da sua laurea honoris causa.

Fonte: www.almanews.inibo.it/

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