Guitarra de Coimbra (Parte I)
sábado, abril 21, 2007
João dos Santos Couceiro, de novo

Devemos mais esta descoberta ao meu caro amigo Paulo Sá, bandolinista e investigador da História do Bandolim no Brasil, que, sobre Eugenio Orfeo, apurou que era natural de Nápoles e que publicou, além desta obra, A Escola dos harpejos (sem data, Bevilacqua, Rio de Janeiro) e o Methodo Thorico-Pratico-Completo para bandolim (1908, mesma editora). Ainda segundo Paulo Sá, Orfeo terá chegado ao Brasil depois de 1901 (no Methodo.., aparece uma foto dele em Genebra datada de 4 de Maio deste ano).
Sobre a importância de Couceiro como renomado e premiado construtor de instrumentos de cordas, já foram divulgados neste blog suficientes e concludentes elementos. O que a dedicatória de Orfeo vem reforçar é a ideia de que o nosso conterrâneo terá desempenhado um papel fulcral, já à sua época reconhecido, ao nível da prática e ensino do bandolim na então capital do Brasil. A sua relação com a música de Coimbra, cidade em que foi nado e criado, permanece, infelizmente, mais nebulosa.
sexta-feira, abril 20, 2007
Longra (Felgueiras) presta Tributo à Canção de Coimbra

“MEMÓRIAS DE COIMBRA” é o grupo de fados e baladas constituído por antigos estudantes e fadistas de Coimbra que, durante cerca de uma hora e meia, vai prestar tributo em homenagem à Canção de Coimbra, desde os primeiros tempos até à actualidade, fazendo, assim, todo o seu percurso histórico. São eles: Paulo Alão, Fernando Silva, Carlos Alberto Pereira, Adelino Miguel, Mário Gouveia e Joaquim Pimentel, este ainda em dúvida se participa no evento referido.
Vão ser tocados e cantados temas de Edmundo de Bettencourt, temas da família Paredes – Gonçalo Paredes (avô), Artur Paredes (pai) e Carlos Paredes (filho) –, Luiz Goes, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, entre outros. Paulo Alão, um dos cinco elementos do grupo de fados, foi colega e amigo de Adriano e José Afonso, tendo-os acompanhado em espectáculos, tendo gravado até com eles temas musicais.
O preço do bilhete é de apenas de 2,5 euros e grátis para menores até aos 12 anos.
Meia horas antes, será inaugurada, no Salão Nobre da Casa do Povo, uma exposição inspirada na Guerra Colonial numa perspectiva pessoana, de Aurora Brochado, jovem artista de Felgueiras.
A semana cultural “Viver em Liberdade” conta com a colaboração da Associação José Afonso (Núcleo do Norte), da Associação 25 de Abril, da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, do Cine-clube de Guimarães e do Conservatório de Música de Felgueiras.
quinta-feira, abril 19, 2007
Amanhã, em Coimbra, é o IV Tunalidades, festival de Tunas organizado pelas "Fans" Tuna Feminina de Apoio à Briosa (até fez para o "Vira de Coimbra a Quadra: Ó Coimbra linda Rosa/Que aquece os corações/Vamos levar a Briosa/ À liga dos campeões"), pelas 21 horas na Igreja de S. Francisco, em Santa Clara; para quem não souber é a colossal Igreja em Santa Clara que fica no caminho que vai para o Mosteiro de Santa Clara a Nova - donde desce a Raínha Santa em ano das festas da Raínha Santa.
O Festival é de entrada livre e aberto ao público em geral, havendo duas Tunas convidadas:
- Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra
- Fan-Farra Académica de Coimbra
A Concurso estão as Tunas:
- Tuna Feminina do Orfeon Académico do Porto
- Santuna Feminina de Lisboa
- Moçoilas (Universidade da Beira Interior)
- Musas del Castel - Tuna Feminina do Instituto Politécnico de Castelo Branco
Compareçam
Hoje, no Café Santa Cruz, há mais uma noite de Canção de Coimbra integrada no mês da Canção de Coimbra organizado pela Secção de Fado da AAC.
Também o site da Queima das Fitas está já bastante desenvolvido, vejam em: www.queimadasfitas.org e a Queima aproxima-se ...
Rui Lopes
quarta-feira, abril 18, 2007

A revolta estudantil de 1907 foi um dos acontecimentos sociais e políticos mais relevantes, ocorridos no ocaso da Monarquia. Suscitada pela reprovação nos actos de habilitação ao grau de Doutor em Direito, do licenciado José Eugénio Dias Ferreira (filho do famigerado ministro monárquico Dias Ferreira), que se realizaram nos dias 27 e 28 de Fevereiro, na Universidade de Coimbra, gerou, – devido à alegada parcialidade do júri e ao insólito da deliberação – um generalizado repúdio da Academia coimbrã, que se manifestou de vários modos, alguns – os imediatos – de forma desmedida, contra a deliberação tomada e, mais genericamente, contra o sistema de ensino vigente na Universidade (Direito quase incluía metade dos alunos matriculados!), onde não só continuava a imperar o mandarinato da cátedra e do seu arbítrio mas também o sistema de ensino (do ponto de vista pedagógico e científico) deixava muito a desejar (porque assente, sobretudo, no argumento da autoridade) e se mostrava, ostensivamente, de costas voltadas para a sociedade. A reacção estudantil, que passou por um boicote às aulas, levou ao encerramento da Universidade pelo Governo, em 2 de Março, depois de auscultado o Reitor. Coerentes com as razões da sua atitude contestatária, os estudantes dirigiram-se a Lisboa, a fim de apresentarem ao Governo e ao Presidente da Câmara dos Deputados, as suas reivindicações, como condição do regresso á normalidade escolar. O Governo, com o apoio do monarca, o rei D. Carlos, recusou, invocando não negociar num clima de desordem pública e paralisação escolar, que se alastrara já a outros estabelecimentos do ensino superior de Lisboa e Porto. Esta mesma razão – uma “questão de ordem pública” – foi, reiteradamente, invocada por diversos membros do Governo (entre os quais, e sobretudo, João Franco) para não ceder às exigências dos estudantes, acusando mesmo a greve de ter subjacente intenções políticas subversivas (leia-se “republicanas”). Para o Governo, portanto, a greve do ensino superior iniciada em Coimbra era uma questão de ordem pública (e, por isso, só pela força se resolveria) cuja finalidade era desestabilizar e subverter a ordem política vigente, ou seja, o regime monárquico. Não era essa a opinião dos republicanos – como António José de Almeida e Bernardino Machado, entre outros – que, embora repudiando o alegado envolvimento do Partido Republicano na greve, apoiava as suas reivindicações, porque as justificava a liberdade de pensamento, a moral e a renovação do ensino que tinha de fazer a instituição que era o alfobre das elites do país. Na greve, ficaram, pois, frente a frente e num painel que se alastrou a nível nacional, a propósito de um mero acto académico, o principio da autoridade (Monarquia) e o princípio da liberdade (República). Apesar da intransigência do Governo, ostensivamente, alardeada pelo acórdão disciplinar “ignominioso” e “monstruoso” (como o adjectivaram vários jornais) de 1 de Abril, do Conselho de Decanos da Universidade, que condenou 17 estudantes como “agentes criminosos” e principais instigadores do movimento estudantil (votando sete deles à expulsão); apesar do Governo ter reaberto as portas da Universidade em 8 de Abril, ter enviado forças policiais para Coimbra e dado ordens aos Governadores civis desta cidade e, ainda, de Lisboa e Porto, para proibirem quaisquer reuniões estudantis na via pública ou em edifícios públicos, na convicção de que muitos alunos estavam dispostos a regressar à normalidade escolar, se esta não lhe fosse boicotada; teve, todavia, a desagradável surpresa não só da não comparência dos alunos de Coimbra às aulas como da generalização da greve aos restantes estabelecimentos de ensino superior do país. Confrontado e apertado pelas interpelações das Câmaras sobre a situação estudantil, encerra, antecipadamente, o Parlamento em 11 de Abril (três dias depois da generalização da greve) e no dia 15, do mesmo mês, manda encerrar todos os estabelecimentos do ensino superior. O franquismo, por via da greve académica, acelerava, assim, o seu trânsito da via liberal para a via ditatorial, precipitando a própria agonia do regime. Com a mudança de Reitor, em meados de Abril (passou a sê-lo o Par do Reino D. João de Alarcão, filiado no Partido Progressista) e com os exames cada vez mais próximos, algumas dezenas de Pais, em fins de Abril, com a cumplicidade (por inércia) da maior parte dos seus filhos e do Reitor, procuram desbloquear a situação. E em meados de Maio, uma Comissão de Pais consegue ser recebida pelo Rei D. Carlos (na presença de João Franco) ao qual pedem a “graça régia” para os alunos grevistas e a possibilidade de resgatarem o ano lectivo em vias de se perder. O rei acabou por ser sensível ao pedido feito (também ele e o seu Governo estavam num impasse) e acabou por amnistiá-los, reabrindo a Universidade, para efeito de matrículas, em 23 de Maio, recusando, contudo, a “graça régia”, 160 estudantes (doravante conhecidos por “intransigentes”). Contudo, em meados de Julho, o reitor, em nome da maioria dos alunos ex-grevistas, entretanto reintegrados, entregava ao Rei uma representação por eles assinada, no qual pediam o indulto para os 7 colegas expulsos e igualmente um acto de benevolência para com os chamados intransigentes, para que estes pudessem voltar à Universidade. O Rei cedeu. E em fins de Agosto era publicado o decreto que amnistiava e reintegrava todos os estudantes. Mas a monarquia apenas conseguiu uma vitória pírrica, pois virou contra si a opinião pública pelo seu ostensivo autoritarismo, converteu, em republicanos, estudantes que não o eram e distanciou não poucos monárquicos da “monarquia”, que consentira, através do Governo, uma tal actuação de “força” (infringindo ou sofismando o Direito) na questão académica.
Norberto Ferreira da Cunha
Consultor Científico do Museu Bernardino Machado
Centenário da Revolta Académica de 1907
25 Abril 2 Setembro
A revolta académica de 1907 é o tema da exposição, organizada pelo Museu Bernardino Machado, que estará patente ao público até 2 de Setembro.
A reprovação de José Eugénio Ferreira, licenciado em Direito, nas provas de doutoramento, esteve na origem do protesto da Academia de Coimbra que, rapidamente, evoluiu para um movimento estudantil de dimensão nacional. A greve nos estabelecimentos de ensino superior e liceus de norte a sul do país, a seguir à condenação pelo Conselho dos Decanos de um grupo de estudantes, considerados os mentores e instigadores da revolta académica, conduziu à intervenção de destacadas personalidades políticas e a uma forte contestação ao governo de João Franco. Bernardino Machado, na época professor catedrático da Universidade de Coimbra, solidarizou-se com os estudantes, apoiando as reivindicações de reforma do ensino e abolição do foro académico. A exoneração do cargo, a seu pedido, era inevitável.
Na exposição são apresentados documentos do Fundo Particular de Bernardino Machado e do Arquivo da Universidade de Coimbra, e ainda um conjunto interessante de fotografias, caricaturas e recortes de imprensa, seleccionados em periódicos da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco/Vila Nova de Famalicão, Biblioteca Pública Municipal do Porto, Biblioteca Pública de Braga.
Museu Bernardino Machado
Rua Adriano Pinto Basto, n.º 79
Vila Nova de Famalicão
Terça a Sexta, 10h-17.30h
Sábado e Domingo, 14.30h-17.30h
Encerrado à Segunda-feira e Feriados
terça-feira, abril 17, 2007
17 de Abril de 1969





Foram recebidos na Reitoria, depois, em conjunto com o então Reitor, Doutor Andrade Gouveia, recentemente falecido já nonagenário, seguiram pela Rua Larga até ao Largo D. Dinis onde se fez barulho e ergueram cartazes contra a Ditadura. Diz-se que Tomás julgando que era uma manifestação de apoio ainda olhou para lá e os saudou sorrindo, enquanto o Saraiva estava incomodado. Depois, foi a benção do edifício em que o Bispo de Coimbra quando lia o texto era constantemente interrompido por gargalhadas e ataques de tosse propositados. Seguidamente, foi a inauguração do edifício, não deixaram entrar mais ninguém, a certo momento o Presidente da AAC, hoje deputado Alberto Martins a quem lhe disseram anteriormente que não podia usar da palavra levanta-se e pede ao Tomás para usar, este não sabe o que fazer, tem uma saída: "Agora fala o Ministro das Obras Públicas" (nisto, Hermano Saraiva, como se pode ver em fotos, dirigia um olhar insistente para a Brigada da Pide que estava na sala). Tudo esperava que após o discurso do Ministro das Obras Públicas, Tomás desse a palavra a Alberto Martins, enquanto cá fora, como existem fotos, o hoje Dr. Celso Cruzeiro às cavalitas de um colega dizia que podiam todos entrar. Acabado o discurso os governandes saíram em debanda, sendo completamente enxovalhados, com gritos de VERGONHA, PALHAÇOS, etc ...
Depois, por causa de um simples pedido de palavra, a cidade viu-se cercada pela Polícia, foi a greve às aulas e exames em que se destinguiram alguns alunos, alguns hoje famosos ...
A Associação Académica foi demitida e os seus dirigentes suspensos da UC, houve assembleia Magna, nela compareceram Professores Sonantes em apoio aos estudantes pondo a sua carreira em perigo, o Doutor Orlando de Carvalho e o Doutor Paulo Quintela que, com a sua voz que mais parecia vozeirão, disse para os estudantes: "Só quem vos elegeu vos poderá demitir".
Foram dias quentes. A Briosa foi à final da Taça, a Academia está de luto académico e quis jogar de branco (côr do luto académico) mas não foi autorizada a tal. Subiram ao campo de capa ao ombro para defrontarem o Benfica. Nas bancadas, o jogo era outro, os estudantes que vieram em autêntica caravana de Coimbra traziam cartazes que clamavam por democracia e liberdade para exibir no jogo, que a PIDE tentava capturar, mas os cartazes sumiam ante a presença da PIDE e surgiam no lado contrário, além disso, pela primeira vez, o jogo da Final da Taça não foi transmitido na TV, pois não convinha ao Regime. Foram tempos dignificantes para os Estudantes de Coimbra e é por causa de tempos como estes que hoje podemos dizer que para a Liberdade e Democracia do País a Capa e a Batina dos estudantes também deu o seu contributo.
Quem quiser aprofundar o tema, pode ler a obra de Celso Cruzeiro sobre a Crise Académica.
Legenda das Fotos:
1- Assembleia Magna no Pátio da Universidade.
2 - A Briosa em Campo, de Capa ao ombro para defrontar o Benfica.
3 - Desfile Militar no Largo D. Dinis, onde se avistam os cartazes com palavras de ordem contra o regime.
5 - A Assistência na Final da Taça de Portugal em 1969.
segunda-feira, abril 16, 2007
FADO DA LUZ
Letra: 1ª quadra atribuível a Alexandre Augusto de Rezende Mendes; 2ª quadra de autor não identificado
Incipit: Tenho uma luz que me guia
Data: 1920

Tenho uma luz que me guia,
Mais doce que a do luar,
São os teus olhos, Maria,
Dá-me a luz do teu olhar.
Os teus olhos são tão tristes,
Tão magoados de dor,
Nunca eu vi, nunca tu viste,
Outros, assim, meu amor.
Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Fá M, 2ªFá 2ªFá, Fá M;
2º dístico: 2ªRé, Ré m 2ªFá, Fá M;
Informação complementar:
Composição musical estrófica em compasso quaternário (4/4) e tom de Fá Maior, feita por volta de 1920, na sequência de uma deslocação efectuada pelo autor a Paris-Cidade da Luz. Tema gravado em finais de 1929 por Alexandre de Rezende, acompanhado à guitarra por si próprio e por José Parente e, em violão, por Campos Costa (disco de 78 rpm Parlophone, B 33506).
Divaldo de Freitas, in Emudecem Rouxinóis do Mondego – 1ª Série, pág. 28, confirma a autoria da música.
Transcrição musical: Octávio Sérgio (2007)
Pesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes
Agradecimentos: Dr. Aurélio dos Reis
Outro selo para José Afonso

Muitas das propostas apresentadas estão longe de reunir condições gráficas para vencer e os CTT reservam o direito de não aceitar a publicação do selo mesmo que ganhe, por isso vamos apostar na proposta com mais condições.
Espalhem a notícia.
O bom disto é que um dos selos do Zeca já está em primeiro lugar.
Votem aqui http://aquihaselo.com/Vote.aspx?idUser=2127
Abraço
Miguel Gouveia
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