sábado, julho 01, 2006

Valsa em Mi menor



Partitura de Valsa em Mi menor de Pedro Caldeira Cabral. Peça de muito bom efeito e bem construída. As notas representam sons reais, o que equivale a dizer que as cordas da guitarra são, a partir das mais finas, Lá, Sol, Ré, Lá, Sol, Dó.
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sexta-feira, junho 30, 2006

Relação das gravações em que participou José Tito Mackay (1936-2006) como executante de Viola de Acompanhamento
Por José Anjos de Carvalho e António M. Nunes

José Tito Mackay Ferreira dos Santos acompanhou regularmente Jorge Tuna entre 1958 e os primeiros anos da década de 1960 (1961), na qualidade de executante de viola de cordas de nylon. Por exemplo, na digressão da TAUC a Angola, corria o mês de Agosto de 1958, aparece na formação Jorge Tuna/José Niza (gg), José Tito Mackay (v nylon), Sutil Roque e José Afonso. O viola Durval Araújo Cerqueira Moreirinhas ter-se-á juntado ao núcleo inicial um pouco mais tarde. O mesmo terá acontecido com Jorge Godinho, executante de 2ª guitarra que após o desmembramento do Coimbra Quintet em 1958 (liderado por António Portugal) transitou para o Grupo de Jorge Tuna.
O Grupo de Jorge Tuna assumiu-se essencialmente como uma formação vocacionada para concertos instrumentais de palco. Tuna acompanhou cantores, é certo, e também participou em serenatas, mas a qualidade do desempenho do grupo na interpretação de composições instrumentais é muito superior aos pouco convincentes arranjos de acompanhamento de cantores.
Tito posiciona-se definitivamente entre os pioneiros da viola nylon na Coimbra académica, com Paulo Alão (figura fundante) e Durval Moreirinhas. 1959 pode ser considerado o ano da constituição da quadrilha instrumental Jorge Manuel Casqueiro Lopo Tuna (solista de Guitarra de Coimbra), António Jorge Godinho Marques (2ª guitarra), Durval Araújo Cerqueira Moreirinhas (viola nylon) e José Tito Mackay Ferreira dos Santos (viola nylon). 1959 foi também o ano em que Jorge Tuna compôs as suas duas primeiras obras de autor, respectivamente Variações em Mi Menor e Variações em Lá Menor. Que seja do nosso conhecimento, Tito Mackay não é autor de nenhuma composição. Tito Mackay foi sócio da TAUC desde o ano de 1955 até 1961. Na década de 1990 integrou os Antigos Tunos da UC com quem gravou um cd.

EP BALADA. BARROS MADEIRA, Porto, Rapsódia EPF 5. 092, gravado em Coimbra no dia 29 de Março de 1960. São 4 faixas cantadas por João Barros Madeira, acompanhado pela tocata Jorge Tuna/Jorge Godinho (gg) e Durval Moreirinhas/José Tito Mackay (vv nylon):
-Olhos Verdes (Os teus olhos verdes, gaiatos), igual a “Um Fado de Coimbra” de Paulo de Sá
-Balada (Adeus, adeus, vou partir), de Barros Madeira
-Fado da Ansiedade (O mundo dá tanta volta), de Francisco Menano
-Fado da Despedida do 5º Ano Médico de 1938, de João Jardim

Sobre esta gravação releia-se o texto de José Anjos de Carvalho/António M. Nunes editado no blog em 04/12/2005 ("O primeiro EP gravado por Barros Madeira").

EP SÉ VELHA. GUITARRAS DE COIMBRA, Porto, Rapsódia EPF 5.093, gravado em Coimbra no dia 30 de Março de 1960, com a formação Jorge Tuna/Jorge Godinho (gg) e Durval Moreririnhas/José Tito Mackay (vv nylon). Contém os seguintes instrumentais:
-Variações em Mi Menor (Jorge Tuna)
-Variações em Lá Menor (Jorge Tuna)
-Variações em Ré Menor (Flávio Rodrigues)
-Variações de Coimbra (Afonso de Sousa)

As quatro faixas referidas foram remasterizadas no CD "Jorge Tuna. Coimbra", Porto, EDISCO, ECD 133, ano de 2000.
As Variações em Ré Menor e as Variações em Mi Menor foram remasterizadas no CD "Coimbra tem mais encanto", Porto, EDISCO, ECD 138, ano de 2000, faixas 4 e 10.
Para mais desenvolvimentos e contextualização da obra artística contida nos primeiros eps da formação liderada por Jorge Tuna, veja-se de Armando Luís de Carvalho Homem “Jorge Tuna: para uma abordagem ternária de um Mestre da Guitarra de Coimbra”, Separata da Revista Portuguesa de História, Tomo XXXVI – Volume 2, Coimbra, 2002-2003.


CD 15 ANOS DEPOIS... ANTIGOS TUNOS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, Coimbra, ano de 2000, faixas 15 e 16:
-No Lago do Breu, de José Afonso, cantada por Joaquim Serra Leitão com José dos Santos Paulo/Octávio Sérgio (gg) e José Tito Mackey/Humberto Matias/Aurélio Reis (vv)
-Menina e Moça (Coimbra, menina e moça), de Fausto Frazão. Canta José dos Santos Paulo, acompanhado pela formação supra-mencionada.

No referido disco, Mackay participa ainda em mais 10 faixas tocadas pela “Orquestra”, a cujo naipe de violas pertencia:
-Hino Académico de Coimbra (José Cristiano de Medeiros)
-Balada para um Menino Raro (João de Oliveira Anjo)
-Maio, Maduro Maio (José Afonso)
-Malhão (popular)
-Largo (Haendel)
-The Entertainer (S. Joplin)
-Plantation Song (Maurice Thiriet)
-Balada de Coimbra (José Elyseu)
-Olhos Negros da Guiné (popular)
-Coimbra (Raul Ferrão)
Agradecimentos: Dr. João Barros Madeira, Prof. Doutor Jorge Tuna, Durval Morerinhas, Prof. José dos Santos Paulo, Sandra Cerqueira (Edisco), Adamo Caetano (ex-Presidente da TAUC), Prof. Doutor Armando Luís de Carvalho Homem. Este texto foi melhorado e actualizado, tendo em conta as sugestões do Doutor ALCHomem.

Alliance Française


Diário As Beiras de hoje. Fotos de Luís Carregã.


Diário de Coimbra de hoje.
A Alliance Française celebrou a chegada do Verão com a Primeira Festa da Música, onde actuaram mais de vinte grupos.
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VIOLA TROPEIRA
No Brasil subsistem alguns tipos regionais de violas de arame, com a Tropeira e a Caipira. Até ao presente, o único investigador português a dar notícia substancial sobre as violas tradicionais brasileiras foi o Dr. José Alberto Sardinha, in "A Viola Campaniça. O outro Alentejo", Vila Verde, Tradisom, 2001, pp. 79-85. Algumas destas violas mais rústicas eram directamente escavadas em troncos de madeira, a golpes de canivete, não conhecendo embutidos nem envernizamento.
Para um conhecimento mais aprofundado desta realidade brasileira, onde também encontramos violas de dois corações como a Amarantina (Minho e Douro Litoral) e Viola da Terra (ilhas dos Açores), vale a pena visitar, ler, ver e ouvir o site VIOLA TROPEIRA, dedicado ao notável tocador Ricardo Anastácio e ao seu Grupo Viola Tropeira.
Presença regular em festejos e programas televisivos, a formação liderada por Ricardo Anastácio editou recentemente um cd que pode ser adquirido via net. Em algumas peças desse disco, a técnica do ponteio com a unha do polegar (ou postiça) é notável, denotando um horizonte sonoro que nos séculos XVIII e XIX terá conhecido elos de comunhão com a Viola da Terra e outras violas de arame oriundas de Portugal Continental. Há coincidências demasiado óbvias entre a técnica de mão direita do brasileiro Ricardo Anastácio e a do excepcional tocador de Viola da Terra, Miguel Pimentel, com actividade na cidade de Ponta Delgada (Ilha de São Miguel, Açores), como também as parece haver nos resíduos sonoros deixados por Raul Simões em trechos da Viola Toeira (Coimbra). Sabido que estes artistas jamais se encontraram, não valeria a pena aprofundar raizes ocultas de um passado não muito distante que importaria desocultar?
AMNunes

Sul do Rio de Janeiro : Serestas evocam turistas a Conservatória
Quem participar do Circuito de Outono Café, Cachaça e Chorinho não pode deixar de conhecer Conservatória, distrito de Valença (cidade a 150 km do Rio) que fica a duas horas e meia de carro da capital. É o lugar ideal para apreciadores de serestas, cantoria realizada em local fechado, ou serenatas, que acontecem ao ar livre.
Os seresteiros tomam conta de Conservatória. Às sextas-feiras e aos sábados à noite, eles se reúnem no Museu da Seresta e Serenata, criado na década de 1960, onde cantam canções antigas e atraem centenas de pessoas. Pouco antes da meia-noite, todos vão para as ruas fazer uma serenata.
Nas manhãs de domingo, os seresteiros organizam a Solarata. Todos que estão em Conservatória param para ouvir as cantigas, entre elas "Noite Cheia de Estrelas", de autoria de Cândido Neves. A canção é considerada um marco para os seresteiros porque fala de lua, estrela e natureza.
A seresta está enraizada em todos os moradores de Conservatória. Fazem parte do projecto. Em Cada Casa uma Canção, em Cada Canção uma Saudade as placas existentes nas entradas dos lares indicando o nome de uma cantiga e o de seu compositor. Toda vez que uma placa nova é inaugurada, há uma festa no distrito.
O Museu da Seresta e Serenata, também chamado de Instituto José Borges Freitas Netto (um dos introdutores da seresta no local), possui um grande acervo de reportagens, fotografias de artistas do passado e de hoje, trovas, poesias, coletâneas de sucessos musicais e discos de vinil. Por lá, passaram artistas do quilate de Dorival Caymmi, Fagner, Beth Carvalho, Emilinha Borba, entre outros.
A tradição da seresta em Conservatória começou no início do século passado, com a chegada de tropeiros humildes que alegravam os moradores com suas modinhas de violão e de professores que ensinavam música para os descendentes dos barões do café.
A poesia e a música, no entanto, não são exclusividade dos seresteiros na cidade. Há, ali, a padaria Luz Branca, a drogaria Harmonia e o restaurante Dó-Ré-Mi.
Lugares históricos:
Conservatória não vive apenas de serestas. O distrito possui 11 antigas fazendas produtoras de café, entre elas a Florença (http://www.hotelfazendaflorenca.com.br/), que é aberta para hospedagem. Outra atração é a cachoeira da Índia, uma de suas principais belezas naturais.
Os monumentos históricos também se destacam. Um deles é o túnel Maria Komaid Nossar, também chamado de "túnel que chora". Construído em 1893, ele tem esse nome porque, das nascentes na parte superior de suas extremidades, a água goteja.
Diz a lenda, no entanto, que o túnel chora de saudade daqueles que deixaram Conservatória.
Um outro marco é a locomotiva 206, antiga maria-fumaça que fazia o transporte das cidades do sul fluminense até Minas Gerais.
A ponte dos Arcos é outra relíquia histórica de Conservatória, um dos últimos monumentos da antiga Rede Mineira de Viação.
Há ainda o museu em homenagem aos cantores Sílvio Caldas, Guilherme de Brito, Nelson Gonçalves e Gilberto Alves.
(texto publicado em "A Folha de São Paulo", Brasil, de 10 de Maio de 2004, extraído da edição on line http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo.noticias/ult338u4158.shtml)
AMNunes

Serestas e Seresteiros
Por Marisa Lira

Serenata, segundo os dicionários é um concerto à noite, ao ar livre, mas também pode ser nome de certas melodias simples e graciosas. Não se trata propriamente de um modalidade musical, mas de uma forma interpretativa ou de um conjunto instrumental destinado a acompanhar pelas ruas e estradas um cantor solista. Seresta é como que uma corruptela de serenata e afirmam os autores que foi introduzida entre nós pelos negros e mulatos. No entanto a palavra serenata vem do castelhano serenada, de serenos, já sendo conhecida em nossa terra desde 1717. É o que se deduz da nota de certo viajante francês que a registrou quando passou pela Bahia. "À noite outra coisa eu não ouvia senão os tristes acordes de um violão. Os portugueses vestidos de camisolões com o rosário a tiracolo, a espada nua debaixo daquelas vestes e armados de violão passavam sob as janelas de suas damas e em tom de voz ridiculamente terna cantavam modinhas que me faziam lembrar a música chinesa ou as nossas "gigas" da Baixa Bretanha.
Como vemos a mania das serenatas já era da terra quando os negros e mulatos entraram a imitar o branco com o jeitinho todo especial de interpretação que se transformou em seresta. Não se deve pensar numa influência "jazz" nas nossas serenatas pois aquelas são muito mais antigas que esse em terras brasileiras, embora a formação instrumental e o processo de composição (improvisação livre) com o contracanto tão do gosto brasileiro.
As serestas eram realizadas nas ruas, estradas e praias quase sempre para despertar alguém que se tornara preferida em amores, em noites de lua, quando havia poesia e lirismo e a idéia de ir à lua era coisa que não entrara ainda nas nossas cogitações. Foi desse hábito das serestas que surgiu o seresteiro de voz possante e extensa para encher o espaço de melodias que deviam ecoar longe. Dessa classe de cantores da noite ficou-nos Vicente Celestino e já se foi para sempre Augusto Calheiros, o Patativa do Norte.
As serestas e os seresteiros de antigamente foram muitos perseguidos pelos mandantes da época. Na verdade houve tempo que cantar ao sereno e tocar violão era coisa de capadócio, crime que devia ser punido severamente.
Em ofício dirigido ao senhor ouvidor, o famoso Vidigal, comandante da polícia do Rio de Janeiro ao tempo de dom João VI assim apresentava um acusado de serenata: "... e se v. exa. ainda tiver dúvidas quanto à conduta do réu, queira examinar-lhe as pontas dos dedos e verificará que ele toca violão. A verdade é que havia e houve até o nosso século uma verdadeira perseguição a serestas e seresteiros.
Sempre houve porém uma grande diferença entre o seresteiro da cidade e o seresteiro, digamos assim, do interior. Na cidade sempre se cultivou a modinha enquanto no interior os trovadores eram outros, trovas mais líricas e apaixonadas, mais puras e ingênuas, mais doces e sinceras.
De fato pelos títulos das modinhas de talvez um século atrás, pode-se fazer uma idéia do estado emocional do povo daquela época: Tive amor, fui desditoso, Do ciúme atroz veneno, Tristes as negras saudades, Ô, parca tirana, parca, Sem ciúmes, sem suspeitas. Havia muita pieguice, muito sentimentalismo exagerado nas interpretações. Mas, o trovador de serestas, negro ou mulato, desabrido e desordeiro também cantava lundus e fandangos e por que não fados se querem muitos que ele tivesse ido do Brasil para Portugal?
Desse tempo distante chegou-nos a fama de um certo mulato Joaquim Manuel, talento musical extraordinário. Exímio tocador de violão, popularizou entre nós o cavaquinho. De Freycinet ouviu-o e deixou registrado no seu livro, que "Joaquim Manuel era um cabra tão cuéra no violão que deixava longe qualquer guitarrista europeu". Pernóstico e vaidoso em extremo Joaquim Manuel só cantava suas produções, que só por isso não tiveram maior divulgação, embora fossem editadas em Paris. Tão antipático era esse mestiço trovador que mereceu de Bocage o achincalhe de um soneto satírico. Mais ou menos da mesma época foi outro trovador — seresteiro que o povo alcunhou de "poeta guri". Ficou na história da cidade por ter evidenciado numa crítica impiedosa desabusada mesmo a paixão dizem que platônica do vice-rei dom Luís de Vasconcelos por uma moreninha, a Suzana da rua das Belas Noites (antiga Marrecas) e que involuntariamente concorreu para a construção do nosso Passeio Público.
Com dom João VI a música popular não progrediu muito, não que o grande rei concorresse para isso, mas a religiosidade do tempo fez com que os artistas se voltassem mais para a música erudita e sacra. Já com dom Pedro I, a seresta e os seresteiros tiveram sua época. Dom Pedro I era um apaixonado pela noite e embuçado na sua capa preta e chapéu desabado, ia com o Chalaça cantar em serenatas terminando as pândegas no botequim da Corneta ou na casa de Domitila. Ainda no tempo de Regência, o gosto pelas serestas era bem pronunciado e havia seresteiros famosos, não só de modinhas, mas também de cantigas que se fixaram na época. Um lundu muito cantado pelos seresteiros como desabafo político foi, sem dúvida, o Mãe Benta nome de uns docinhos que vêm atravessando o tempo e que chegou a nossos dias. Eram feitos pela preta Mãe Benta para o cafezinho da merenda do Padre Feijó.

— Mãe Benta, me fia um bolo?
— Não posso senhor, Tenenta,
Que os bolos são de Iaiá
Não se fiam a toda gente.

Quanta malícia não havia nessa quadrinha ingênua, assim de relance.
Com Dom Pedro II, houve uma verdadeira ressurreição das serestas e conseqüentemente dos seresteiros. Ficou na história da cidade o Anselmo, o maior seresteiro daquele tempo, exímio violonista da época, famoso pelo seu vastíssimo repertório, diziam que era capaz de cantar uma noite inteira sem repetir música cantada.
A [Patalógica] do Rocio Grande não era apenas o centro de literatos da escola de Machado de Assis, mas também trovadores, seresteiros e poetas. A lira melancólica e a sátira irreverente de Laurindo Rabelo eram musicadas por ele próprio ou pelos nomes mais em evidência entre os compositores da época. Daquele tempo é o Gosto de ti, por que gosto que Sátiro Bilhar cantava no tempo de Catulo, dizendo-se o autor. Os versos, não há a menor dúvida, são de Paula Brito e a música parece que composta pelo Cunha dos Passarinhos, compositor muito querido no beco do Cotovelo. O maior seresteiro do século XIX foi Xisto Bahia, que sem saber música compôs verdadeiros sucessos, cujo maior foi, sem dúvida, Quis debalde varrer-se da memória...
As serestas e os seresteiros entraram pelo século XX com toda força de seu entusiasmo e muitos deles deixaram nos seus trovares verdadeiras jóias da música popular do Brasil.

("Serestas e Seresteiros" foi primeiramente publicado por Marisa LIRA no "Diário de Notícias" do Rio de Janeiro, Brasil, de 01 de dezembro de 1957. Documento extraído da edição on line http://jangadabrasil.com.br/revista/outubro83/fev83010a.asp-17k)
AMNunes

quinta-feira, junho 29, 2006

IV Encontro Nacional de Tunos



PROGRAMA IV ENT
VISEU, 13, 14 e 15 de Outubro

SEXTA-FEIRA:

*
Noite:
19.00h
–JANTAR LIVRE
20.00h -RECEPÇÃO E DOCUMENTAÇÃO
21.30h -NOITE SOCIAL E CULTURAL (Aula Magna do IPV)
-SARAU (Programa a confirmar)
-EXPOSIÇÃO DE PINTURA (Luís Carlos Santos, antigo membro da Estudantina Univ. de Coimbra)

SÁBADO:
*
Manhã:
10.00h -SESSÃO DE ABERTURA (Aula Magna do IPV)
10.15h – CONFERÊNCIAS:
- “Retrato Prefacial à Tuna em Viseu
Dr. Jean Pierre Silva (TUCV e Real Tunel Académico de Viseu)
- "A Tuna conjugada no Feminino - A Mulher como sujeito activo no mundo Académico"
Joana Rangel (Tuna Feminina do ISEL)
- "História e Especificidades da Tunas Académicas Mistas Portuguesas"
Armando Pereira (Instituna e TDUP)
- “A Organização estrutural das Tunas Académicas portuguesas – Da horizontalidade à verticalidade
Dr. João Paulo Sousa (Infantuna e EUC)
- “Tunas Populares e Tunas Académicas
Dr. José Alberto Sardinha (Etnomusicólogo)
- “A SPA e as Tunas Portuguesas
Dr. Lucas Serra (SPA – Advogado, especialista em Direitos de Autor)
13.00h –ALMOÇO (Local a designar)
*
Tarde:
14.30h -MESA REDONDA – 1º PAINEL (Aula Magna do IPV)
MÚSICA E REPERTÓRIO DAS TUNAS – DE ONDE VEM E PARA ONDE VAI?
Existe ou não a “música de tuna”? O que se pode/deve ou não executar? Quais as fontes legítimas e quais os limites? E quais os caminhos de futuro? Originais, versões, ou outras soluções?
MODERADOR: Membro da Infantuna a indicar
ORADORES:
- Dr. Eduardo Coelho (Tuna Universitária do Porto – Antigo Magister)
- Dr. António Vicente (Estudantina Univ. de Coimbra – Fundador)
- Mário Fernandes (Tuna Instituto Superior Técnico de Lisboa)
- Dr. Pedro M. Santos (Estudantina Univ. De Lisboa)
16.45h -COFFEE BREAK
17.00h -MESA REDONDA – 2º PAINEL (Aula Magna do IPV)
TUNAS IBÉRICAS – LINHAS TANGENTES OU SECANTES?
O contacto das academias portuguesas com as Tunas que nos visitaram vindas da vizinha Espanha foi, com um século de diferença, determinante no despoletar de um fenómeno repetido. Nos dias de hoje já aprendemos uns com os outros tudo o que tínhamos de aprender ou cada vez mais somos diferentes? Que significado histórico, académico e sociológico temos hoje em cada um dos nossos países e o que representamos para o outro? Como estamos e o que valemos em cada lado da fronteira?
MODERADOR: Membro da Infantuna a indicar
ORADORES:
- Dr. Ricardo Tavares (TAULP e TDUP)
- D. Roberto Martinez del Rio (Tuna de Medicina de Salamanca)
- D. Rafael Asencio Gonzalez (Tuna de Medicina de Córdoba)

Noite:
20.00h –JANTAR (Local a designar)
21.30h -TERTÚLIA ACADÉMICA (Local a designar)
Tema Livre e balanço dos trabalhos do dia
02.00h
-DISCOTECA
*
DOMINGO:
*
Manhã:
10.00h –WORKSHOPS (Conservatório Regional Azeredo Perdigão)
13.00h -ALMOÇO
*
Tarde:
14.30h –WORKSHOPS (Conservatório Regional Azeredo Perdigão)
16.00h -COMUNICAÇÕES LIVRES (Auditório Mirita Casimiro *)
17.00h -ESCOLHA DA ORGANIZAÇÃO DO V ENT
17.30h -SESSÃO DE ENCERRAMENTO

(*) locais a confirmar

Enviado por João Paulo Sousa

quarta-feira, junho 28, 2006


Registos fonográficos de Carlos Leal e Amândio Marques
Por José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes

Uma Justificação
Uma interrogação sobre o “desconhecido” Carlos Leal, presente na memória descritiva da solfa de “Fado Alentejano” gravado por Armando Goes, motivou um comentário esclarecedor do Dr. João Caramalho (cf. Blog de 20/12/2005), seguido de novas colaborações em 26/12/2005 e 08/01/2006.
De Carlos Leal se navegou para o guitarrista Amândio Marques (1903-1987), cujo nome já havia sido aflorado por Armando Luís de Carvalho Homem em texto de 1999. Os pedidos de ajuda estenderam-se à Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra no Porto (Dr. António Moniz Palme), Casa da Beira Alta (Dra. Maria Fernanda Braga da Cruz), Ordem dos Médicos e Ordem dos Advogados. Por sugestão da Dra. Maria Fernanda Braga da Cruz (inexcedível na abertura dos arquivos da Casa da Beira Alta) aguardámos entre Janeiro e Junho de 2006 uma hipótese de contacto com o filho do falecido guitarrista Amândio Marques (guarda a guitarra e alguns discos do pai).
Gorada a primeira tentativa de contactos, optámos pela edição do presente artigo, tecido apenas com os dados a que foi possível aceder. Esperamos que num futuro não muito distante consigamos enriquecer as informações agora disponibilizadas.
O acesso ao grosso da obra fonográfica de Carlos Leal fica a dever-se à generosidade do Dr. João Caramalho, estudioso e coleccionador que em meados da década de 1990 obteve antigos documentos sonoros relativos ao Porto académico graças a contactos havidos com Paul Vernon. Tais contactos nasceram da necessidade de introduzir correcções nos textos que Paul Vernon autografou para as reedições Heritage/Tradisom. Infelizmente, nos translados sonoros vindos de Londres, não houve oportunidade de anotar as autorias indicadas nas etiquetas dos discos gravados na década de 1920 e sem este elemento não nos é possível progredir com segurança numa matéria tão espinhosa.

I – Notas Biográficas
Carlos Alberto Leal, filho de Alberto Hermano Fernandes Leal e de Laura do Patrocínio e Silva nasceu em Vila do Conde a 22 de Agosto de 1905. Fez os seus estudos secundários no Liceu Rodrigues de Freitas, da cidade do Porto. Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, então instalada no Hospital de Santo António (propriedade da Santa Casa da Misericórdia) no ano lectivo de 1924-1925. Terminou o curso de Medicina em 4 de Novembro de 1933, conforme certidão apresentada à Ordem dos Médicos. Exerceu Medicina, com consultório na Rua Mouzinho da Silveira, nº 72 - 2º -Porto, tendo prestado colaboração à Faculdade de Medicina da UP, instituição onde trabalhou ao lado de um antigo colega de liceu, de curso e de serenatas, Luís Canto Moniz. Faleceu em 11 de Abril de 1960.
Filho de um cantor e músico, Carlos Leal foi solista de relevo em serenatas académicas do Liceu e da Universidade do Porto, com assídua colaboração nos organismos estudantis do seu tempo (Orfeão e Tuna), récitas e eventos musicais.
Era um tenor operático que conhecia e dominava o “estilo de Coimbra” mais em voga na década de 1920. Apresenta uma fonética cuidada que procura ir de encontro à “pronúncia de Coimbra” e, como cantor, supera sem favor os desempenhos de José Dias e António Batoque. Excluindo “Canção das Rendilheiras de Vila do Conde”, uma canção com refrão muito estilo tuna, o repertório gravado por Carlos Leal radica esmagadoramente em espécimes estróficos, ao tempo os mais trauteáveis e apreciados pelo grande público e os mais fáceis de improvisar numa saída nocturna.
As quadras cantadas, à semelhança do que se praticava em Coimbra, são por vezes de fraca qualidade semântico-literária. Algumas eram cantadas em diferentes melodias como a tétrica “A noite é negra”, “Passam-se noites inteiras” e as coplas vulgarizadas em “O Meu Fado” de Armando Goes (“Nunca chores junto à nora”).
Amândio Ferreira Marques nasceu em Mangualde no dia 3 de Julho de 1903. Fez os estudos secundários no Liceu Rodrigues de Freitas, da cidade do Porto, tendo sido colega, amigo e companheiro de serenatas de Carlos Leal, José Pais da Silva, bem como do jovem transmontano Jorge Alcino de Morais “Xabregas”.
Na segunda metade da década de vinte, Amândio Marques frequentou a Faculdade de Direito da UC, com formatura concluída em 21 de Julho de 1930, precisamente no mesmo ano de Afonso de Sousa e Armando Goes. Inscreveu-se na Ordem dos Advogados em 24 de Julho de 1931. Tudo indica que realizou o estágio profissional no Porto, cidade onde teve banca de advogado até falecer em 1987. Distinguiu-se como sócio fundador e animador cultural da Casa da Beira Alta no Porto, instituição que guarda a sua ficha de sócio, um retrato e um busto em bronze.
Nos tempos do liceu e também enquanto estudante de Coimbra, Amândio Marques afirmou-se com executante de guitarra. Todavia o seu nome não consta dos anais da “Década de Oiro” da Canção de Coimbra. Em 1927 promoveu um encontro entre cultores da CC de Coimbra e do Porto. Num “in memoriam” a Carlos Leal, publicado nos inícios da década de 1960 (“Carlos Leal. O Rouxinol do Ave”, Porto Académico, 1962, pp. 44-46), Amândio Marques informa que esteve ligado a um grupo activo no Liceu Rodrigues de Freitas onde apareciam habitualmente Carlos Leal, Luís Canto Moniz, Josué da Silva e o próprio Amândio Marques. Em fase posterior, a formação viu-se enriquecida com os préstimos de candidatos a tocadores, poetas e cantores como Francisco Fernandes (g), Alberto de Serpa, Pereira Leite (g), Carlos Alberto de Carvalho, Alberto do Carmo Machado, o Sargento Cadete, António Abrantes e Jorge Alcino de Morais. Este ciclo artístico liceal deve ter ocorrido entre ca. 1922-1925.
Dos guitarristas mais conhecidos no Liceu do Porto na primeira metade da década de 1920, Amândio Marques cita expressamente Aires Pinto Ribeiro, Ernesto Brandão, Cícero de Azevedo, Manuel Pereira Leite e Amândio Marques. Como cantores brilhavam e disputavam as palmas os divos Carlos Leal e José Taveira, seguindo-se-lhes Mário Delgado Viemonte, Cabral Borges e Carlos Alberto de Carvalho.
Amândio Marques é um guitarrista totalmente esquecido, não obstante ter gravado discos com o cantor Carlos Leal, e ainda matrizes fonográficas de guitarradas de sua própria autoria. Não se sabe se desempenhou alguma influência artística nos meios académicos portuenses após 1930, nem há respostas para o “apagamento” da sua vida e obra em Coimbra. Tudo indica que nos anos de Coimbra Amândio Marques continuou a manter o seu “Trio de Guitarras e Viola”, fruto de deslocações periódicas à cidade do Porto.
Outro guitarrista com passagem liceal pelo Porto, chegado a Coimbra em 1925, foi Jorge Alcino de Morais “Xabregas”. Xabregas manteve os contactos com os antigos colegas de Liceu e em 1929 efectuou gravações com alguns dos instrumentistas referidos no artigo de Amândio Marques em 1962. As matrizes fonográficas da sessão Xabregas nunca chegaram a ser comercializadas e em declarações de 15/04/1989 este guitarrista não conseguiu especificar os nomes dos tocadores seus “amigos da Universidade do Porto” que lhe prestaram colaboração em estúdio.
Em termos de guitarra de acompanhamento, Amândio Marques revela-se um executante superior a Xabregas, claramente posicionado acima da mediocridade reinante na década de 1920. O acompanhamento de “Canção das Rendilheiras”, com as guitarras em segunda voz muito cantada, supera com manifesto sucesso o tradicional toque por acordes de tónica e dominante. O Trio de Guitarras e Viola presente nos diversos discos de Carlos Leal revela assimilações da técnica de Artur Paredes em termos de trabalho de harmonização. Ao tempo, a formação duas guitarras mais um violão não era uma prática vulgar. Inferiores aos desempenhos do trio liderado por Amândio Marques nos discos de Carlos Leal, são os desempenhos rudimentaríssimos audíveis nos discos de José Paradela de Oliveira, José Dias, António Batoque, António Menano e Elísio de Matos. Estamos a falar de nomes habitualmente exaltados como Flávio Rodrigues (voz Menano), Francisco da Silveira Morais (voz Paradela) ou mesmo Paulo de Sá (vozes José Dias e Elísio de Matos).
José Pais da Silva foi aluno da Universidade do Porto, executante de violão de cordas de aço e membro da Tuna Académica do Porto. Parece ser autor de alguns dos temas gravados em disco por Carlos Leal, embora não possamos especificar quais com inteira segurança.
Sobre Francisco Fernandes, executante de segunda guitarra nas gravações de Carlos Leal, não existem informações disponíveis. Pelo “in memoriam” que Amândio Marques dedicou a Carlos Leal, sabe-se que à entrada da década de 1960 Francisco Fernandes exercia Medicina em Moçambique.
O presente levantamento contém avultadas omissões e lacunas. Não foi possível aceder a qualquer dos discos onde Amândio Marques toca a solo as suas guitarradas, pelo que nos limitamos a um arrolamento sumário. No que a Carlos Leal respeita, também nos faltou o acesso às matrizes fonográficas. As cópias facultadas pelo Dr. João Caramalho permitem-nos confrontar as melodias com outras conhecidas e transcrever, com alguma fiabilidade, as letras cantadas. Sem os discos não é possível visualizar as etiquetas e através delas colher os dados relativos às identificações autorais.

II – Gravações de Amândio Marques
Nos finais da década de 1920, entre 1927 e 1929, Amândio Marques gravou na editora Parlophone quatro faixas sonoras. Contou com a colaboração de Francisco Fernandes (2ª guitarra) e de José Pais da Silva (violão de cordas de aço).
Não conhecemos estas guitarradas, nem tampouco lográmos aceder aos discos.

Disco de 78 rpm Parlophone, B 33.016
98000 - Fado em Ré Menor
98001 - Variações em Lá Maior

Disco de 78 rpm Parlophone, B 33.017
98005 - Fado em Dó Sustenido Menor
98009 - Capricho

De outros colegas de Carlos Leal/Amândio Marques activos no Porto académico na década de 1920, importa escalpelizar:

-Ernesto BRANDÃO, guitarrista, com pelo menos um disco gravado ca. 1927-1929, acompanhado em violão por José TAVEIRA: (78 pm Parlophone, B 33.006) “Fado em Sol Maior” e “Fado em Ré Menor”;

-José PAIS DA SILVA e José TAVEIRA, com pelo menos dois discos gravados na Parlophone, ca. 1927-1929, contendo solos de dois violões: “Pas de Quatre” e “Padre Nuestro” (Parlophone, B 33.004); “Cantares Populares” e “Amanhecendo” (Parlophone, B 33.005).

III – DISCOGRAFIA DE CARLOS LEAL

Disco Parlophone, B 33.300
98028 – FADO ALENTEJANO (Fechei a porta à desgraça)
98029 – FADO DA DESCRENÇA (Eu não creio por não crer)

Disco Parlophone, B 33.301
98030 – UM FADO (Passam-se noites inteiras)
98032 – FADO DA NOSTALGIA (A vida é negra, tão negra)

Disco Parlophone, B 33.302
980…– FADO VISÃO (…?...)
980… – UMA CANÇÃO (…?...)

Disco Parlophone, B 33.303
98020 – MINHA MÃE (Minha mãe é pobrezinha)
98021 – FADO DE DESPEDIDA (A despedida no dia)

Disco Parlophone, B 33.308
98022 – MELANCOLIA (A saudade faz lembrar)
98023 – CANÇÃO DAS RENDILHEIRAS DE VILA DO CONDE (Rendilheiras
que teceis
)

IV – LETRAS GRAVADAS POR CARLOS LEAL

FADO ALENTEJANO (Fechei a porta à desgraça)
Música: Armando do Carmo Goes (1906-1967)
Letra: 1ª quadra popular (séc. XIX); 2ª quadra de João da Silva Tavares (1893-1964)
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
Fechei a porta à desgraça,
Entrou-me pela janela;
Quem nasceu para a desgraça
(Ai2) Não pode fugir a ela!
II
Tanto a desgraça me alcança,
Que já me sinto cansado
Da vida que não se cansa
(Ai2) De me fazer desgraçado.

Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 3º verso, canta-se o 2º dístico e repete-se o 2º dístico.
Espécime gravado por Carlos Leal entre 1928-1929, acompanhado pelo Trio de Guitarras e Viola, constituído por Amândio Marques/Francisco Fernandes (gg) e Pais da Silva (v) no 78 rpm Parlophone B, B 33.300. A autoria da música é de Armando Goes, que a gravou em Outubro de 1928, acompanhado à guitarra por Albano de Noronha e Afonso de Sousa (Disco His Master’s Voice, E.Q. 192).
A 1ª quadra é popular e encontra-se em variadíssimos cancioneiros, tais como “Mil Trovas Populares Portuguesas” e em António Tomás Pires, Leite de Vasconcelos e outros. A 2ª quadra é do poeta João Silva Tavares, e encontra-se no livro “Quem Canta”, editado em 1923.
Este disco de Carlos Leal encontrava-se ainda em catálogo e à venda em 1946.
Tema gravado por António Bernardino em 1966, acompanhado à guitarra por António Portugal e Manuel Borralho e, à viola, por Rui Pato (EP Fados de Coimbra, Alvorada AEP 60817); está disponível em long play (LP Coimbra, Alvorada ALV-04-19 e LP Aquila, AQU 02-49) e em compact disc (CD Nº 45/O Melhor dos Melhores, Movieplay, MM 37.045 e CD Nº 30/Clássicos da Renascença, Movieplay, MOV. 31.030).
Gravado também por Victor Silva, em 1986, do Grupo Académico Serenata, do Porto: LP “Fados de Coimbra”, Orfeu, LPP 44.
Com um outro título e uma outra letra, foi gravado por Raul Dinis, acompanhado à guitarra por Jorge Gomes e António Ralha e, à viola, por Manuel Dourado, intitulado Um Fado (Ó vida, que mais queres), letra da autoria do cantor (CD “Coimbra de Sempre”, Discossete, DDD CD 971000, de 1993).

FADO DA DESCRENÇA (Eu não creio por não crer)
Música: autor não identificado
Letra: autor não identificado
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
Eu não creio por não crer,
Queria crer mas não consigo
E assim eu passo a descrer,
É para crer só contigo.
II
Podem descrente chamar
A quem pensa como eu…
Há estrelas a brilhar
Que não se vêem do céu.

Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Gravado por volta de 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.0300, master 98029). Este disco de Carlos Leal encontrava-se ainda em catálogo e à venda em 1946. Desconhecemos se mais alguém teria gravado este fado.

UM FADO (Passam-se noites inteiras)
Música: autor não identificado
Letra: autor não identificado
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
Passam-se noites inteiras
Que me não posso deitar
E a lua já tem olheiras
De tanto me alumiar.
II
Já o luar, de mansinho,
No vento reza de dor,
Anda a pintar de branquinho
Na casa do meu amor.

Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Gravado por volta de 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.0301, master 98030). Este disco de Carlos Leal encontrava-se ainda em catálogo e à venda em 1946.
Uma variante (Eu passo noites inteiras) da 1ª quadra é cantada por Fernando Gomes Alves (EP Ofir, AM 4.068) no chamado Fado Antigo (Eu passo noites inteiras), cuja música é a do conhecido Fado Espanhol (Gosto de cantar o fado) gravado por António Menano. No 2º verso da 2ª quadra admitimos que a letra cantada por Carlos Leal não seja exactamente o que nos pareceu continuar a ouvir após múltiplas re-audições de estudo. Admitimos que este UM FADO possa ser o espécime que João Falcato diz ter ouvido Manuel Julião entoar na Sé Velha na Primavera/Verão de 1943 (Cf. “Coimbra dos Doutores”, Coimbra, Coimbra Editora, 1957, pág. 166).
Desconhecemos se mais alguém gravou este espécime.


FADO DA NOSTALGIA (A vida é negra, tão negra)
Música: autor não identificado
Letra: 1ª quadra popular; 2ª quadra de autor não identificado
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
A vida é negra, tão negra,
Como a noite nos pinhais
Mas é nas noites mais negras
(Ai2) Que as estrelas brilham mais.

II
Nesta vida de amargura,
Há tanta contradição…
Fumo negro sobe ao ar
(Ai2) Água pura cai no chão.

Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Gravado por volta de 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.0301, master 98032). Este disco de Carlos Leal encontrava-se ainda em catálogo e à venda em 1946.
A 1ª quadra (A vida é negra, tão negra) veio a ser incorporada em 1930 no Fado da Noite (A vida é negra, tão negra), música de Jorge de Morais (Xabregas), que veio a ser gravado por Machado Soares em 1956 (EP Alvorada, MEP 60111).
Desconhecemos se mais alguém gravou este espécime.

FADO VISÃO (…?...)
Música: autor não identificado
Letra: dados desconhecidos
Edição musical: desconhecemos a sua existência

Informação complementar:
Apenas conhecemos a existência do respectivo disco, o disco Parlophone, B 33.302, que ainda se encontrava em catálogo e à venda em 1946.

UMA CANÇÃO (…?...)
Música: autor não identificado
Letra: desconhecemos a letra e respectiva autoria
Edição musical: desconhecemos a sua existência

Informação complementar:
Apenas conhecemos a existência do respectivo disco, o disco Parlophone, B 33.302, que ainda se encontrava em catálogo e à venda em 1946.

MINHA MÃE (Minha mãe é pobrezinha)
Música: José Pais da Silva
Letra: 1ª quadra popular; 2ª quadra de autor não identificado
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
Minha mãe é pobrezinha,
Não tem nada que me dar.
Dá-me beijos, coitadinha,
(Ai2) E depois põe-se a chorar!
II
Quem me dera minha mãe,
A santa que eu vi sofrer,
Dizem as santas no céu
(Ai2) Que morreu pra eu viver.

Informação complementar:
Composição musical estrófica. Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Gravado por volta de 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.0303, master 98020). Este disco de Carlos Leal encontrava-se ainda em catálogo e à venda em 1946.
A 1ª quadra ocorre também noutras melodias:
Fado Triste (Minha mãe é pobrezinha), gravado por António Menano, primeiro em Lisboa e depois em Berlim (discos Odeon, 136.822 e A 136.822 e LA 187.804), cuja música é de Alexandre Rezende e também mereceu uma gravação na voz do barítono José Dias;
Fado Mondego (Minha mãe é pobrezinha), gravado pelo mezzo soprano D. Luísa Baharem, em finais de 1926 (disco Columbia, 1032-X, edição americana);
D’Um Olhar (As meninas dos meus olhos), música de Alexandre de Rezende dedicada a António Menano, de que foi feita edição musical em 1915, fado mais conhecido por «As Meninas dos Meus Olhos», gravado por António Menano (discos Odeon, 136.821 e A 136.821). A referida quadra consta da edição musical impressa, mas não nas matrizes gravadas por António Menano.
Desconhecemos se mais alguém gravou este fado.

FADO DE DESPEDIDA (A despedida, no dia)
Música: D. José Pais de Almeida e Silva (1899-1968)
Letra: autor não identificado
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
A despedida, no dia
Em que se faz de verdade,
É choro duma alegria
Que se transforma em saudade.
II
Que tristeza, que tormento
Sinto no meu coração!
Mocidade és qual o vento
Fugindo sem ter razão.

Informação complementar:
Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Composição musical estrófica gravada por volta de 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.303, master 98021). Este disco de Carlos Leal encontrava-se ainda em catálogo e à venda em 1946.
A melodia é rigorosamente a mesma de FADO DO MAR (As ilusões que me perseguem), gravado em 1929 por Artur Almeida d’Eça, acompanhado por Albano de Noronha/Afonso de Sousa (gg) no 78 rpm Polydor , P 42.127.

MELANCOLIA (A saudade faz lembrar)
Música: autor não identificado
Letra: 1ª quadra de Domingos Garcia Pulido; 2ª quadra de José Marques da Cruz
Edição musical: desconhecemos a sua existência

I
A saudade faz lembrar
A melopeia da nora,
Se a uns parece cantar,
Parece a outros que chora

II
Nunca chores junto à nora
Que a corrente faz girar,
Quem chora ao pé de quem chora
Fica-se sempre a chorar.

Informação complementar:
Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Composição musical estrófica gravada por volta de 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.0308, master 98022).
Ambas as quadras se cantam também, mas por ordem inversa, com o chamado Fado da Nora (Nunca chores junto à nora), de Armando Goes, cuja música é diferente.
Desconhecemos se mais alguém teria gravado este fado.

CANÇÃO DAS RENDILHEIRAS DE VILA DO CONDE (Rendilheiras que teceis)
Música: autor não identificado
Letra: autor não identificado
Edição musical: desconhecemos a sua existência

Rendilheiras que teceis
As finas rendas à mão,
Eu dou-vos, se vós quereis,
Pra almofada o coração.

Ó vem à janela
Como a noite é bela,
Vem ver o luar;
Linda rendilheira
Deixa a travesseira,
Vem-me ouvir cantar.

Quem me dera, rendilheira,
Ser essa tua almofada
E passar a vida inteira
Em teu regaço, deitada.

Ó vem à janela…etc.

Informação complementar:
Canção musical com refrão gravada entre 1928-1929 por Carlos Leal, acompanhado à guitarra por Amândio Marques e Francisco Fernandes e, no violão, por Pais da Silva (disco Parlophone, B 33.308, de 78 rpm).
Esta canção foi popularíssima em todo o Portugal, tendo conhecido assinalada difusão nos anos dourados da Emissora Nacional. Carlos Leal remata o refrão com um crescendo apoteótico, efeito que na época arrancaria frenéticos aplausos. A forma e a letra parecem abrir o caminho a uma outra obra de meados da década de 1930, também ela nada e criada no Porto, À MEIA NOITE AO LUAR.
Na década de 1960 foi gravada pelo tenor radiofónico Américo Silva, acompanhado à guitarra por Armandino Maia e António Parreira e, à viola, por J. M. de Carvalho e José Vilela (EP “Américo Silva canta Fados de Coimbra”, Estúdio, EEP 50.228, com a errada indicação de ser música de Ângelo Vieira Araújo).
Também foi gravada por João Queiroz sob o título Canção das Rendilheiras (EP “The Old Coimbra Fado III”, RCA Victor, TP-313 (ca. 1967), cantor que após fugaz passagem pelo grupo dos irmãos Plácidos se radicou em Lisboa; LP “Fados de Coimbra por João Queiroz”, RCA Camden, CL-40220, editado em 1981 e LP “Estrelas de Portugal”, RCA Victor LPV-7649, editado na Venezuela).
Nestes três discos figuram como autores os nomes de Manuel Tino e Hugo Rocha, afigurando-se ser letra de Manuel Tino e música de Hugo Rocha. Num outro disco de João Queiroz figuram os nomes de Manuel Pino e Ugo Rocha (sic): LP “João Queiroz – Samaritana”, Interfase, IF 144, editado em 1987. As autorias fornecidas por João Queiroz não se nos asseveram fiáveis. Tanto poderão ter sido indicadas por Loubet Bravo (que estaria familiarizado com o tema desde a sua juventude portuense), como por frequentadores das casas de fados de Lisboa onde o cantor se movimentava.

Agradecimentos: Dr. João Caramalho Domingues e José Moças (Tradisom), Dra. Isabel Cambezes (Ordem dos Advogados), Ordem dos Médicos (Arquivo Central), Casa da Beira Alta no Porto, Rosa Soares (ordem dos Médicos)


Lopes Graça homenageado pelo Coro Misto da Universidade de Coimbra. Notícia do Diário de Coimbra de hoje. Posted by Picasa

terça-feira, junho 27, 2006


Coro dos Antigos Orfeonistas na Figueira da Foz, no último sábado. Diário de Coimbra de hoje. Foto de José Santos.Posted by Picasa

segunda-feira, junho 26, 2006

Faz hoje 12 anos que morreu António Portugal. Foto da revista Medice, já anteriormente inserta neste Blog .

Quintas de Música

Ciclo de Concertos de
Música de Câmara à hora do almoço
*
Recital de Guitarra em Duo
Rui Namora e Sérgio Gonçalves
Dia 29 de Junho, 13h
Rivoli Teatro Municipal (Foyer)
*


Fernando Sor (1778-1839)
L'encouragement op. 34

Mauro Giuliani (1781-1829)
Variações Concertantes op.30

Isaac Albéniz(1860-1909)
Bajo la Palmera op.232

Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968)
Prelúdio e Fuga em Mi maior
Prelúdio e Fuga em Dó menor

Astor Piazzolla (1921-1992)
Lo que vendra

Sérgio Gonçalves
Nasceu no Porto em 1981.
Concluiu em 2003 o curso de Guitarra do Conservatório de Música do Porto, onde estudou com Maria Paula Marques e Paulo Peres. No mesmo ano, ingressa na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto, na classe do Prof. José Pina, onde frequenta actualmente o terceiro ano nas classes de Guitarra e Música de Câmara deste professor.
Apresenta-se em recitais a solo e em agrupamentos de câmara. Participou em Masterclasses com José Pina, Alberto Ponce, Benjamin Verdery, Paul Galbraith, Gunnar Spjuth e Julius Kurauskas.

Rui Namora
Nasceu em Lisboa em 1975. Iniciou os seus estudos musicais com Duarte Costa em 1987. Em 1994, ingressou no Conservatório de Música de Coimbra onde estudou com Graciano Pinto, concluindo com António Andrade o curso de Guitarra em 2000.
Concluiu em 2003 a licenciatura em Ciências Farmacêuticas na Universidade de Coimbra. Ingressou em 2003 na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto, na classe do Prof. José Pina, onde frequenta actualmente o terceiro ano nas classes de Guitarra e Música de Câmara deste professor.
Tem vindo a apresentar-se em público a solo e integrando grupos de música de câmara. De destacar, o seu recital a solo no Festival de Guitarra de Coimbra, Capital Nacional da Cultura. Participou em masterclasses com José Pina, Alberto Ponce, Gunnar Spjuth e Julius Kurauskas.

Este duo tem-se apresentado regularmente em público em vários pontos do país no âmbito de apresentações das classes de Guitarra e Música de Câmara da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto no Museu Alberto Sampaio, Semana da Guitarra em Guimarães, Concertos da Semana Aberta da ESMAE, nos Concertos de Primavera do Palácio de Cristal, Música nos Palácios em Lisboa, etc.

domingo, junho 25, 2006



Partitura de Mar Goês, de Carlos Paredes, transcrita por Pedro Pinto. Foi-me enviada por Fernando Paulo Ferreira que a encontrou na net, num site do autor, já desactivado, segundo pensa. Pedro Pinto é, pelo que tenho ouvido, um guitarrista já de grande mérito. Ficamos à espera que o próprio nos envie outras peças por si transcritas ou de sua autoria.
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"Taxeira" no Diário As Beiras do passado dia 22, dia do ardina. Texto de Patrícia Cruz Almeida e foto de José Meneses.Posted by Picasa


A Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra assinala os 21 anos do seu Grupo Folclórico. Notícia do Diário de Coimbra de ontem. Posted by Picasa

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