sábado, maio 13, 2006

LUIZ GOES, Trovador do Tempo Novo.

José Henrique Dias[1]

Trago-vos um breve pré-texto. Pretexto para a resignificação de alguns sintagmas que fixam a música coimbrã. Vínculo subtil em que a cidade não é um lugar mas um estilo de vida. LUIZ GOES. A criatividade desvincula-se do passado morto, reinventa sonoridades e senta no regaço poesia de poetas.
Tudo começou em transgressão. A década de cinquenta do século passado mal espreguiçava os olhos e adolescíamos na esperança de um mundo novo. Foi em festa de finalistas no Liceu D. João III. O António Portugal aproveitava as lições do Flávio Rodrigues e já se atrevia ao Fado em Dó, o Manuel Mora ajeitava na guitarra aplicado diletantismo, o Costa Braz distribuía na viola acordes de rigor e austeridade, havia ainda a viola do António Serrão. Estava eu, que já passara por uma serenata na Sé Velha, e o Luiz Goes, que pela primeira vez em público arriscava o canto. Era o tempo de muitas proscrições. Esfrangalhara-se o coração da velha Alta e moviam-se na sombra ferezas censórias e perseguições ao livre pensamento. A mesquinhez praxística e freudianas incapacidades lançaram anátema sobre a Feiticeira do Ângelo Araújo, que Alberto Ribeiro cantara no Capas Negras, de Armando Miranda.
Tamanha era a tacanhez —não há universidade que nos tire da Idade da Pedra Lascada, como diz Torga —, tanta a ignara primitividade de uns tantos, que confundiam personagem com intérprete, que certa noite correram em arruído à Casa da Ponte, onde constara estar a jantar Alberto Ribeiro. Veredicto: ser rapado… porque no filme trajara capa e batina. Gorara-se a sentença praxista, porque avisado, o cantor partiu para Lisboa, mas ficara a mácula.
Certo é que ninguém mais se atrevera a cantar aquele fado do Ângelo a partir da obscurantista década de quarenta, obscurantismo a que resistiam alguns nas veredas do MUD e nas “pichagens” clandestinas do não se paga, a coberto da noite e do vesgo olhar da PVIDE, que assim foi crismada a sinistra polícia política PVDE, onde se inscrevia claramente o V da persecutória vigilância.
Naquela noite de que vinha falando, creio, em 1951, a fechar a festa liceal, o jovem Goes, revelando, para além da coragem, marcante personalidade, cantou a Feiticeira num timbre novo e bem definida maneira outra de interpretar.
Nascia ali o Trovador do Tempo Novo, que bebera com o povo de Coimbra diferente maneira de ser solidário, inovador aurático como aurática se havia de revelar a sua poesia e a sua música. Como escrevi há tempos para a edição integral da EMI, porque nascemos ambos em Coimbra, “passou cedo em nós a asa mansa da sua música, mas a ele tocara-o a sagração dos deuses e uma forma rara de transmitir o sentido. Primeiro revelara-se o grande intérprete, logo logo o compositor, também o poeta. Cedo aquele que transgride pela via do intimismo em “Coimbra de Ontem e de Hoje”.
O Ontem de alguns fados mudara o rosto na singularidade da sua voz, perdera a doença de alma e resignificava-se em pujantes interpretações. Que outro não é o seu Fado Hilário, reconduzido a uma dramaticidade que transforma a doença finissecular oitocentista em modelações que recusam tossicantes apelos à compaixão feminina, mas antes robusta efabulação de morte viril na matriz coimbrã, sem concessões… Quanta novidade presente nas suas primeiras gravações… O que ouvíramos, ouve-se então de uma maneira assumidamente renovadora. Muda-se a estrutura poética, quebra-se o cânone das duas quadras ou revigora-se em novas tonalidades, bate-se à porta de outras rimas, outros ritmos, a simplicidade é então uma geometria de rigor e exactidão interpretativa.
O Hoje, sim, era marcada ruptura com o tom lamechas de décadas de noites enluaradas e saudades-ais, renascimento retomado sobretudo da lição de Bettencourt, colhidos na voz do povo cantares que se urbanizam sem trair origens, como se regista na Toada Beirã. Na beira do rio Amélia contemplada em frio e medo, chamada com indizível ternura à companhia do trovador em partilha de solidão, ou Serra D’Arga de adeus a um amor nascente, também Penedo da Saudade de segredados enredos.
Tudo tonificado com uma sensibilidade que suporta o ritmo com divisões exactas e palavras rigorosamente marcadas, canto de timbre abaritonado de rara extensão.
O António Toscano já há muito pôs a claro os significantes e os significados, afirmando que ele, Luiz Goes, foi o protagonista de “ interpretações (…) enriquecidas por surpreendentes e inigualáveis modelações, íntimas de temática explorada, tão exigente esta em expressão dramática quanto incompatível com maneirismos vazios”. O Toscano referia-se à consciente recusa de prosseguir aquela maneira a que Artur Paredes chamara de “gatas miadeiras”, que vinha dos anos vinte e se decalcava e ainda hoje há quem decalque.
Quando aparece a fabulosa gravação a que a Philips chamara de Coimbra Quintet — uma coisa que nunca existiu —, com o António Portugal e o Jorge Godinho na guitarra, o Manuel Pepe e o Levi Baptista na viola, e a voz única de Luiz Goes, primeira gravação profissional da música de Coimbra, nada voltou a ser igual.
Disco de culto, qualquer que seja o formato, chegou a todas as partes do mundo, pela força da interpretação no canto mas também pela nova sonoridade das guitarras e violas, e justo será referenciar aqui o trabalho de António Portugal.
Correm anos e áfricas até ao encontro com João Bagão, para em acordes ágeis e articulações cromáticas enfatizar versos de Leonel Neves, Bettencourt, Torga ou Alegre, também a sua pessoal poética, redimensionando a sonoridade coimbrã em substância que só aos eleitos acontece.
Oiça-se essa intemporal Cantiga para quem sonha, do Leonel Neves, a que música de João Gomes confere notícias de porvir.

Canta, canta como uma ave ou um rio.
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar.

Mãos livres, as mãos livres do Luiz, sempre a rejeitar servilismos ideológicos mas comprometido, comprometido sem reservas e corajosamente:
— Contra nós há muitas bombas, / ódios, mísseis, ditadores,
solidário com os oprimidos e arauto de outra maneira de ser livre,
meu irmão morreu na guerra (…) meu irmão morreu de fome (…) meu irmão morreu de sede (…) vou chorar,
mas se meu irmão morreu de amor (…) se era livre, louco e moço vou cantar.
Livre com pássaros na garganta e de mãos limpas, cidadão exemplar.
Interventor na recusa de grilhetas e sem cartilhas, estranhamente ou talvez não, não consta das antologias do chamado Canto Livre. Ele que nos anos 60 cantou aquelas e outras palavras em gritos de revolta contida, falou do drama da emigração, dos que voltam de mãos vazias, aves feridas em desesperada busca do ninho e dois palmos de terra, mãe e berço em fusional encontro de regresso e morte, sem nada, como tantos dessa aventura maior em chão estranho, de um Portugal em hemorragia de sangue novo, tempo de fome e de desesperança onde não cabe a palavra perdão…


Pobre de quem regressa
Ao jardim e acha um deserto.
Já perdeu o que está longe,
Já não tem o que está perto.

Canto Livre, livre de uma liberdade criadora tangível aos limites da redescoberta do amor e do respeito pelo outro, dimensionalidade ôntica que recusa enfeudamentos espúrios, mas que a um tempo requalifica aqueles a quem a vida pouco deu irmanando-se em doação carnal a todo o homem que cumpre o ciclo de insondável, de irremediável solidão.
O que dá em gestos desmedidos o nada que foi seu, o que nunca a mitos se vendeu, o que, na dura solidão, permanece cativo do chão sagrado, seja homem de leme ou de arado. Mãos firmes a navegar destinos ou a revolver a terra, homem criador de distâncias ou semeador do pão, homem só, para um mundo no qual não terão futuro vendilhões da água das cascatas, tempo e lugar sem nenhuma cama com amantes clandestinos. Canto livre, metaforização de um sentido superior e íntimo de sagrar a Liberdade, em abertas ou subliminares mensagens.
Despertemos os sentidos para a Cantiga de Vagabundo e encontraremos a cristalinidade lírica de uma música coimbrã outra, seja na sonoridade do verbo, seja na textura melódica, ora na tessitura do canto, ora no conforto das guitarras, encontro sublime de palavras e acordes, que as subtilidades da voz de Luiz Goes entretecem de sensibilidade libertadora e de expressividade dramática, exaltante esteticidade que nos assalta e nos comove.

Se queres saber, amor, porque te quero
pergunta a um velho marinheiro
se uma aventura em cada cais
lhe faz perder o rumo verdadeiro.
Pergunta ao mar, eternamente azul,
a razão de ser da sua cor,
às vezes verde, às vezes cinza…
Mas é o céu o seu primeiro amor.


Se queres saber, amor, porque te quero,
pergunta a um velho vagabundo
se tanta estrada, tanta mulher,
matou de vez o seu primeiro mundo.
Pergunta à flor, que a noite emurcheceu
se quer abrir em nova madrugada
se o quase nada que a vida lhe deu
a faz morrer na minha mão fechada.

Novo é o tempo que faz ecoar nos canais do ser as vibrações etéreas das guitarras do Bagão, do Andias ou do Aires de Aguilar, o engastar dos harpejos e bordões das violas do Fernando Neto, do João Gomes, do António Toscano ou do Durval Moreirinhas, construções em que os instrumentos protagonizam, contracenam, replicam e se complexificam com, em companhia da voz do trovador.
Mas isto não se explica por palavras. Ainda que aqui ficasse todo o tempo que não tenho, mesmo que descobrisse em mim genialidades para pôr em discurso linguístico o que só pode ser filtrado pela fina rede da mais refinada capacidade de sentir, nada se poderia substituir à grandiosidade de toda a obra de Luiz Goes, quando canta os seus ou alheios versos, sempre de grandes poetas, quando magistralmente interpreta a sua música ou de outros compositores. O que se ouve, se soubermos ouvir, vem da raiz do tempo e é sempre um tempo novo.

O que fica de ouvi-lo é sempre o indizível, e essa indizibilidade permanece em nós na intemporalidade do génio criativo, canção nova que vive sempre além do momento e que faz de Coimbra uma heterotopia, a única que vale a pena projectar e guardar na memória, lugar hipostasiado na alma e na voz do trovador do tempo novo, tempo renovado em cada aventura, incessante procura da possível perfeição, plasmado do que de melhor existe na voz e alma do povo, seu mestre nunca recusado.
Sem estultos elitismos mas em si mesmo aristocrata pela diferença com que olha e se olha na mais elevada capacidade de sentir e ao sentir criar, também pela maneira de ser e estar, onde a solidariedade não se proclama mas se vive, essas identidade e mesmidade intensificam-se na recusa do triste e morto passado na canção coimbrã, reconfortando-nos nessa música-lareira, como sempre digo, música-lareira que nos aquece a alma, Luiz Goes, porque

Ao ouvir a voz do povo
é que se aprende a verdade;
quem ama nasce de novo
e vive sem ter idade.
Levar a vida a lembrar
um triste passado morto,
é como querer navegar
num mar sem água nem porto.

Ao ouvir a voz do povo
é que a verdade aparece;
amor novo é sangue novo,
até na velhice aquece.
Levar a vida a lembrar
um triste e morto passado,
é como querer habitar
um lar sem chão nem telhado.

Deixo-vos o pretexto, apetecido fruto maduro onde a Mulher não é mais angelical distância mas companheira, livre e igual, carne e desejo, expressão de beleza que se rigoriza nas suaves modelações da voz do trovador, graves inadjectiváveis que ecoam em nós e nos transformam, nos redimem, nos curam, porque ali descobrimos a Beleza, a Arte, mudanças que tocam as alturas e nos comovem, portentosa renovação do canto em confessional vivência do amor em visita, intensamente branca, voando o tempo indizivelmente breve da descoberta

Sonhei-te, quando chegaste
Como rosa desprendida
Da tirania da haste

Por te querer a meu jeito
Perdi-te na treva densa
Que trago dentro do peito
Amei-te no tempo breve
Que dura o voo da ave
Por sobre um campo de neve.

Em tempo breve também eu ousei falar-vos desse notável trovador do novo tempo, a partir de quem a canção coimbrã se universalizou. “ A sua clareza interpretativa, expressividade dramática e sensibilidade musical — conferimos com Jorge Cravo —aliadas a uma inquietante criatividade, a um grande rigor crítico e a uma forte consciência estetizante face àquilo que até hoje gravou, são algumas das características de uma escola de canto e de interpretação, do melhor que alguma vez a Canção de Coimbra gerou — a Escola Goesiana!!
Por tudo isto, Luiz Goes é — e cremos que sempre será— o protótipo desta Canção!”
Fixemo-nos em Canções Para Quem Vier, que recolhe tudo o que Goes gravou entre 1952 e 2002, meio século de inquietações e de uma funda consciência do acto criador, e perceberemos a grandeza da sua obra, se cegos não formos de ler, se ‘cegos’ não formos de ouvir, se não tivermos a alma empedernida.
Esse outro apetecido objecto de culto, expressão de funda portugalidade, pelo qual eu tanto reclamei em todas as minhas muitas intervenções sobre a música coimbrã, sobrepõe-se a quanto possamos dizer, a quanto se tem dito, é um monumento de consagração aos afectos, é o génio e a arte reificados, definitivamente além da própria memória. Canção Para Quem Vier, superação de todos os momentos, onde se demora a intemporalidade…

Quem vier,
que traga uma palavra amiga,
semente de esperança, na seara da vida.

Quem vier,
que traga uma canção de amor,
tão pura e sentida que a cantem de cor.

Quem vier,
quer creia neste mundo ou não
aqui sonhe o mundo que os filhos terão.

Com Amália e Carlos Paredes, Luiz Goes representa a mais bela e alta maneira de ser português, que é ser de todo o lado e de nenhum. Três grandes e geniais artistas. Com eles podemos fundamentar a patrimonial mundialidade de uma construção musical, intensamente portuguesa, com marcadas diferenças de expressão é certo, porém tangíveis no rigor e no sentir, na anatomia e sonoridade da genial guitarra, na singularidade de vozes que deuses escolheram para falar aos homens e os tornarem melhores.
Fico à espera que Coimbra, sem mal de inveja ou pequenez provinciana, perceba e estude em dimensão universitária a sua obra, mas acima de tudo consagre para todo o sempre, em lugar digno e material durável, o nome e a imagem de Luiz Goes, o maior de quantos criaram, renovaram e corporificaram a música coimbrã.
*
[1] Professor Universitário. Texto publicado no Arquivo Coimbrão, Vol. XXXVIII, Coimbra, 2005.
***
José Henrique Dias



Tito Costa Santos, José Henrique Dias, Barros Ferreira, Alcindo Costa, Augusto Camacho
Em baixo: Rodrigue Pereira, Francisco Vasconcelos, João Gomes, Alexandre Bateiras, Jorge Mackey.
Foto de José Henrique Dias.



Grupo da primeira Serenata na televisão, de pé: Luiz Goes, Sutil Roque, Jorge Godinho, Levi Batista e António Portugal
Em baixo: Fernando Rolim e José Henrique Dias (possuidor desta foto).



Serenata das Bodas de Diamante do Orfeon 1955
Cantores: José Henrique Dias, Dr. Higino Casquilho, Dr. Lacerda e Megre e Fernando Rolim.
Em baixo: Manuel Pepe, António Portugal, Jorge Godinho, Levi Bastista
Nota: Foi a aparição do Dr. Lacerda e Megre, que não se conhecia e cuja actuação foi um estrondoso êxito.
Foto e texto de José Henrique Dias.



José Henrique Dias (foto do seu espólio), com Zília Osório de Castro, numa cerimónia académica na Universidade Nova de Lisboa.






















Cópia de um cartão de uma Serenata em Lisboa com autógrafos identificados em baixo. Espólio de José Henrique Dias.

Movimentos perpétuos


Agradeço o envio deste e-mail, com o texto que se segue:
*
Sou um mero e anónimo amante da guitarra portuguesa e da canção de coimbra, que (principalmente por "dureza" de ouvido) apenas consigo fazer barulho com a minha guitarra portuguesa (construção Meireles - 1987).
Sem qualquer tipo de bajulação (e sem favor), já era um grande admirador das suas músicas para guitarra portuguesa (conhecidas principalmente pela magistral interpretação do Jójó - que faz o favor de ser meu amigo).
Pois, com a criação e manutenção do seu/nosso blog sobre a guitarra de Coimbra, passei também a ser um seu admirador do trabalho e amor que tem por Coimbra e pelas suas tradições. Bem haja.
Tomo a liberdade de lhe enviar este email, que espero seja o início de um pequeno (e modesto) contributo para a valorização do seu trabalho, com a notícia do "Cartaz" do Jornal Expresso de hoje, relativa à crítica do filme tributo/homenagem a Carlos Paredes que se encontra em exibição por todo o país.
Conto, brevemente, enviar-lhe algumas pautas para guitarra portuguesa e pedir a sua ajuda na eventual correcção do que se encontrar menos bem.
Com Amizade,
Fernando Paulo Ferreira


Cidade Universitária Posted by Picasa
Enquanto não fica disponível nos escaparates livreiros a tese de doutoramento de António Nuno Rosmaninho Rolo, os leitores interessados nos assuntos ligados às demolições da Velha Alta e anteprojectos da Cidade Universitária podem entreter-se com outra importante e vestibular obra do mesmo estudioso: "O princípio de uma revolução urbanística no Estado Novo. Os primeiros programas da Cidade Universitária de Coimbra (1934-1940), Coimbra, Minerva, 1996.
Além de elucidativo, o "prefácio" assinado pelo Prof. Doutor Luís Reis Torgal desvenda os meandros do achamento dos dossiês documentais em Lisboa, num depósito da Direcção Geral da Administração Escolar. Graças a Reis Torgal e ao seu orientando, Nuno Rolo, a documentação foi salvaguardada e depositada no Arquivo da Universidade de Coimbra.
Enaltecendo o que se tem feito em prol dos estudos relativos à Velha Alta demolida durante o Estado Novo, continuo a deplorar que na Faculdade de Letras da UC nunca se tenha criado um "Centro de Estudos de Tradições Orais" que tivesse permitido salvaguardar em variados suportes tecnológicos a memória das vivências que a Universidade ajudou oficialmente a destruir.
Tudo o que sobra hoje reduz-se às movimentações cívicas de OS SALATINAS, formação espontânea de antigos espoliados da Velha Alta, que sem sede nem meios económicos tem pugnado por uma réstea de dignidade reflectida em organizações como o "Primeiro Centenário do Guitarrista Flávio Rodrigues da Silva (1902-2002)".
AMNunes


O Dr. Patacão - Figura castiça da Velha Alta de Coimbra, por Manuel Dias, no Diário de Coimbra de ontem.
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As "Mamudas" Posted by Picasa
Maquete de um dos grupos escultóricos evocativos das "artes liberais", da autoria do Mestre da Escola de Belas Artes de Lisboa António Duarte, destinado ao novo edifício da Biblioteca Geral da UC. Documento extraído da obra "15 anos de Obras Públicas. 1932-1947. 1º Volume. Livro de Ouro", Lisboa, Edição do Ministério das Obras Públicas, 1948, pág. 32.
António Duarte segue a estética fascista em voga nos regimes autoritários europeus até finais da Segunda Guerra Mundial, particularmente acutilante nas obras de arte destinadas aos edifícios públicos marcados pelos normativos do "Classicismo Monumental Totalitário". A expressão é do Prof. Doutor António Nuno Rosmaninho Rolo, docente da Universidade de Aveiro, doutorado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra com uma belíssima tese sobre a Cidade Universitária de Coimbra.
Neste trabalho, António Duarte aproxima-se da estética fascista ensaiada pelo artista Mario Sironi, propondo eugénicos colossos convocados para exprimir a "portucalidade". O resultado é uma espécie de expressionismo violento que toca as raias do primitivismo, hiperbolizando as massas musculares e distorcendo membros que chegam a atingir contornos monstruosos.
As faraónicas esculturas de António Duarte foram instaladas na fachada principal da Biblioteca Geral da UC, um projecto do arquitecto Alberto Pessoa, inaugurado em 29 de Maio de 1956.
Logo se manifestou a graça académica: as Escadas Monumentais foram crismadas de "Avenida da Marmelada"; às gigantescas bolas de pedra que ornam o alto das escadarias chamou-se primeiramente "Os Colhões do Estado Novo", e mais tarde "Os Colhões de D. Dinis" (dada a vizinhança da estátua régia); à Praça da Porta Férrea, embelezada com os vistosos grupos escultóricos de António Duarte, a chacota anónima logo passou a chamar de "Pátio das Mamudas" (Cf. Gonçalo Reis Torgal, "Coimbra. Boémia e saudade", I, pág. 53). Hoje talvez se lhes pudesse atribuir o epíteto de "mamonas assassinas".
O certo é que os opulentos seios de "as mamudas" causaram embaraço ao regime e às autoridades académicas. Instalados os respectivos andaimes do pudor, canteiros contratados desbastaram os seios às estátuas. Na foto da maquete que apresentamos, relativa a 1947, podem ver-se os seios de "as mamudas" ainda por desbastar.
Esta vontade de heroicizar as virtudes do "portuguesismo" por intermédio da estatuária faraónico-monumental parece-nos hoje fruto de uma retórica de Estado tão mais ridícula quanto vamos sabendo pelos relatórios médicos, registos de inspecções militares e dados do registo civil que os portugueses de então eram em geral de estatura baixa e média.
AMNunes

Blog Associação José Afonso

Aconselho os leitores deste BLOG a lerem dois textos insertos no Blog acima referido. Seguem-se os respectivos endereços para aceder imediatamente a eles.

http://vejambem.blogspot.com/2006/05/zeca-75-anos.html

http://vejambem.blogspot.com/2006/05/e-quanto-ao-poder-que-v-para-puta-que.html

sexta-feira, maio 12, 2006


Grupo Folclórico de Coimbra (2) Posted by Picasa
Contracapa do CD "Cantares de Coimbra", Coimbra, Grupo Folclórico de Coimbra, GFC-01, ano de 1999, com 20 faixas sonoras de espécimes cantados em Coimbra entre o século XVIII e o primeiro quartel do século XX. O recolector e Director Artístico, Doutor Nelson Correia Borges, elaborou uma amostragem bastante significativa de modas de serenata popular, cantigas de trabalho, fadinhos de ceguinhos e feiras e cânticos religiosos.
Projecto sólido, credível e abrangente, distancia-se do velho conceito de "folclore" que fustigava a despropósito todo o tipo de tradições musicais populares portuguesas a toques de acordeão e tambor.
A audição do cd surpreende: agradáveis efeitos corais tirando partido do masculino e do feminino, cuidado respeito pela pronúncia coimbrã (bem presente no "noute" e no "ê" monotongado. Ex: "espêlho" e não "espeilho"), valorização dos cordofones, salvaguarda e divulgação de espécimes esquecidos entre os quais se contam alguns dos mais antigos "fados" feitos em Coimbra e o arcaico "Fado do Marujo" que se cantava em todo o país.
Não constituindo uma amostragem generalizada da Música Tradicional de Coimbra (não abrange, por exemplo, os gaiteiros nem as danças das Fogueiras do São João), "Cantares de Coimbra" desmente as enraizadas e falsas crenças de que todas as tradições musicais locais se reduzem ao chamado "Fado de Coimbra" ou que em Coimbra não existiria "folclore digno de merecimento.
AMNunes


Grupo Folclórico de Coimbra (1) Posted by Picasa
Página de um prospecto informativo sobre o historial e tipo de trabalho habitualmente desenvolvido pelo Grupo Folclórico de Coimbra sob orientação do Prof. Doutor Nelson Correia Borges. A fotografia central, datada de 2001, mostra a tocata, muito marcada pelos excepcionais desempenhos de Jorge Gomes/Manuel Coroa/Ana Sadio na Guitarra de Coimbra.
No início da década de 1990 o GFC tinha um repertório assente em mais de 90 espécimes musicais distribuídos por cantigas (satíricas, trabalho, religiosas, de serenata) e danças ilustrativas da Cidade de Coimbra e arrabaldes.
Paralelamente, o GFC dinamizava exibições de trajos populares reconstituídos e revitalização de tradições como a Feira dos Lázaros, a Serenata dos Futricas e das Tricanas, as Fogueiras de São João e a Visita aos Presépios.
AMNunes

SERENATA DOS FUTRICAS E DAS TRICANAS
(PROGRAMA 2006)
Local:
Igreja de Santiago, Praça Velha
Data: 6ª feira, 02 de Junho de 2006, 23:00 horas
Direcção Artística e Pesquisa: Prof. Doutor Nelson Correia Borges
Tocata: cordofones tradicionais de Coimbra, com destaque para os sons da rabeca, violão, cavaquinho, bandolim e Guitarra de Coimbra
Reconstituição e Apresentação: Grupo Folclórico de Coimbra


1- Indicativo: Tricana d' Aldeia, Música e Letra de autor(es) desconhecidos; 1.º quartel do séc. XIX. Composição oriunda de Coimbra, na década de 1850 já se encontrava popularizada na Ilha de São Miguel e em Vila Real. Tema popularizado por transmissão oral e partituras impressas oitocentistas
2 - Coimbra a Lisboa: Música de José das Neves Elyseu, Letra de Henrique Martins de Carvalho; 1904. Composição oriunda de Coimbra
3 - A Barquinha Feiticeira: balada com Música e Letra de autor(es) desconhecido(s). Composição primeiramente detectada nas Termas de Pedras Salgadas; peça de cerca de 1890, foi muito popular em Coimbra, Póvoa de Varzim, Figueira da Foz e Ilhas Centrais e Ocidentais dos Açores
4 - Fado do Rancho Esperança: Música de Isidro Aranha, Letra de João de Deus Battaglia Ramos. Composição de 1909, oriunda de Coimbra
5 - Chora a Cantar: Música de José das neves Elyseu, Letra de Fortunato Mário Monteiro. Composição de 1903, oriunda de Coimbra
6 - Às Estrelas: fado corrido com música de autor(es) desconhecido(s). A 1ª parte, mais arcaica, remonta a finais da década de 1840 e usa quadras do estudante de Direito Augusto Lima; a 2ª parte melódica é um acrescento situável entre 1888-1890, podendo atribuir-se sem grandes reservas a Augusto Hilário, 2ª parte que contém a base melódica do “Fado Antigo” gravado por José Paradela de Oliveira. As restantes quadras são da autoria de J. Carneiro
7 - Canção à Flora: Música e Letra de autor(es) desconhecidos. Composição oriunda de Lisboa (?), datável de 1905. Canção com refrão muito popular em Coimbra, correu no mercado em disco de 78 rpm e partitura impressa. Uma primeira recolha, algo afastada do original, foi recolhida e gravada pelo grupo Verdes Anos. A versão do Grupo Folclórico de Coimbra, em 1ª audição, encontra-se conforme o original impresso em partitura de quiosque
8 - Não Ames: Música de José das Neves Elyseu. Composição oriunda de Coimbra, com data de 1903. Versão instrumental em guitarras de Coimbra. Melodia demoradamente popularizada por Flávio Rodrigues com a designação de “Valsa em Fá”
9 - Canção da Noite: Música de Reynaldo Varela, Letra do Dr. Bráulio Caldas. Serenata estrófica, datada de 1887, oriunda de Caldas de Vizela. Na sua versão mais conhecida, esta serenata foi gravada pelo Dr. António Menano com o título de “Fado das Três Horas”. A presente audição correu em partitura impressa e em disco de 78 rotações gravado pelo próprio Reynaldo Varela
10 - Mondego: Música de A. Donato, Letra de Ernesto Donato. Composição de influência operática, oriunda do Largo do Romal e Praça Velha, Coimbra, 1894, agora apresentada em 1ª audição
11 - Folguedos: Música de António Dias da Costa e Letra de Amélia Janny. Composição com coro, estreada em Coimbra no ano de 1906. Foi popularizada em partitura impressa e num disco de 78 rpm pelo cantor Francisco Caetano. 1ª audição pelo Grupo Folclórico de Coimbra
12 - Passagem dos Romeiros : Música de autor desconhecido, Letra de Octaviano de Sá e outros. Composição estreada em Coimbra no ano de 1905. Foi popularizada em partitura impressa. 1ª audição pelo Grupo Folclórico de Coimbra
13 - A Madrugada: marcha com Música de Francisco Costa e Letra de P. P. Composição estreada em Coimbra no ano de 1904. Foi popularizada em partitura impressa e em disco de 78 rpm pelo cantor Francisco Caetano
14 - Balada (de Coimbra): Música de José das Neves Elyseu, Arranjo de Artur Paredes. Composição oriunda de Coimbra, com versão primitiva de 1902. Versão instrumental, de acordo com a gravação de Artur Paredes
(informação e convite enviados pelo Doutor Nelson Borges, Director Artístico do Grupo Folclórico de Coimbra. Vale bem a pena assistir a este meritório trabalho de reconstituição de uma Canção de Coimbra que não veste Capa e Batina. AMNunes)


Coro dos Antigos Orfeonistas no Jornal "Público" Texto de A. J.. Posted by Picasa


Coro dos Antigos Orfeonistas do Orfeon Académico de Coimbra, logo, na FNAC. Diário das Beiras de hoje.
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quinta-feira, maio 11, 2006










Carlos Carranca escreve um poema a Fernando Valle, no jornal "Centro", de hoje. Posted by Picasa



Carlos Carranca entrevista o guitarreiro Gilberto Grácio para o jornal "Centro", de hoje.
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Queima das Fitas no Diário das Beiras de hoje, com Texto de Rui de Alarcão, ex-Reitor da Universidade de Coimbra.




A guitarra portuguesa na "Revista" nº 1365, de 24 de Dezembro de 1998, do jornal "Expresso". O texto é de José Alberto Sardinha.
Esta última foto, é de uma Latada em 1966(?) , nas escadas da Sé Velha, podendo ver-se, José Niza, António Andias, Ernesto Melo e Durval Moreirinhas, nos instrumentos e a cantar, José Miguel Baptista, a quem pertence esta "Revista".

quarta-feira, maio 10, 2006

Serenata Monumental

André Sousa mandou-me a seguinte nota, que agradeço, assim como os amantes deste Blog:

Encontra-se na net uma gravação da Serenata Monumental desta Queima das Fitas 2006.
quem estiver interessado basta seguir este link:
*
http://www.filefactory.com/?ecfc74;
*
Depois, na página a que chegar clica em:

"Don't want a premium download? Click here to access our free download links.'' ;

De seguida clica em ''click here'' de modo a seguir para a página do download;
E finalmente em:

''FileFactory HTTP -- Click here to download'';

Depois é so ''guardar'', e esperar...

a password é: www.tugamp3.pt.vu
10/5/06 17:12

Artur Paredes


Faz hoje 107 anos que nasceu Artur Paredes (10-5-1899).
A guitarra de Coimbra emancipou-se da sua congénere Lisboeta, graças ao contributo precioso deste futrica que, apesar de nunca ter frequentado a Universidade de Coimbra, foi mais académico do que muitos que por ela passaram. A sua arte superior permanecerá para sempre, neste país que tão mal trata os seus melhores valores. Não há em Coimbra uma rua com o seu nome! Como é isto possível?
Foto amavelmente cedida por Rui Cândido.
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terça-feira, maio 09, 2006

O "Fado de Coimbra" e a electrónica


Se quer ouvir fado de Coimbra com acompanhamento electrónico, aceda a este site. Vale a pena passarmos um bocado a ouvir estes novos sons. Descontrai e dispõe bem. Parabéns ao grupo.
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O projecto musical Drumfados foi iniciado em 1996 por dois estudantes da Faculdade de Medicina do Porto [1] (Feliciano Guimarães e José Neves), entusiastas da Guitarra Portuguesa, do Fado de Coimbra e da música electrónica. Tentaram assim fazer uma combinação da estrutura clássica do Fado de Coimbra com as novas tendências musicais. A estrutura harmónica foi mantida e a melodia vocal também. O ritmo tornou-se mais sincopado sem permitir suspensões. Mesmo assim existe espaço para muita expressividade do cantor. Os arranjos são feitos utilizando sequenciação e síntese sonora elaborada com um computador. Chegaram a ter a participação de alguns cantores do Grupo de Fados de Medicina do Porto [2]. Neste momento os autores são médicos, assumindo a composição musical um papel diferente de outrora. A ideia e o projecto acabou por ficar (para já) na prateleira.

MEMÓRIA DE UM VERÃO ESPINHENSE
(Homenagem a Ângelo Vieira de Araújo)

O nome de Ângelo Vieira de Araújo (o «Jibambo») era-me familiar desde a infância: as referências lá em casa eram mais que muitas. Quando, por volta dos 17 anos, comecei a interessar-me seriamente pela viola de acompanhamento, em breve cheguei aos temas de sua autoria, desde cedo apreciando muito em especial o «Soneto (Carta)»[1] e «Contos Velhinhos»[2].
Conhecer ao vivo o autor destes temas constituiu para mim experiência inolvidável. Foi em Espinho, em Agosto de 1969. Durante 15 dias vizinhei “barraca” de praia com o Dr. Ângelo de Araújo, que por ali esteve, entre o mar e S. João da Madeira. Múltiplas foram as manhãs de conversa entre ele e o meu Pai, Armando de Carvalho Homem (1923-1991). E era um prazer ouvi-lo (eu pouco saberia dizer, ao tempo). Ângelo de Araújo estava bem dentro de situações actuais, já que acompanhara de perto a actividade de Luiz Goes / João Bagão / Ayres de Aguillar / Fernando Neto / António Toscano / João Gomes na gravação do LP Coimbra de ontem e de hoje (1967) e na preparação de actuações radiofónicas[3] e televisivas. Motivavam-no tanto a fidelidade aos originais[4] como uma expressão poética que – tal como a guitarra – soasse à Coimbra; ou, pelo menos, não destoasse… Por isso lhe merecia reparos o poema de Leonel Neves para «Toada do Penedo da Saudade»[5], que L. Goes interpretara no referido programa – o problema essencial estava no verso “os moços das capas pretas”:

- Isto – enfatizava Ângelo de Araújo – nunca se disse em Coimbra !...

E, em boa verdade, a designação do estudante como “moço” e da capa como “preta” (em vez de “negra”) não é muito corrente no discurso poético coimbrão…
Outro ponto estava no uso de expressões demasiado realistas nos poemas, v.g. os dois últimos versos de uma das hipóteses de 2.ª quadra para «Canção das Lágrimas»: “e tanta água que é pura / a lavar sujas vielas[6]. Neste ponto era Carvalho Homem particularmente concordante, e ambos apontavam ainda a duvidosa inseribilidade coimbrã de temas como o chamado «Um Fado de Coimbra» (“fechei a porta à desgraça / e entrou-me pela janela”) ou o «Fado dos Cegos» (“sou ceguinho de nascença / isto assim não é viver”).
É claro que, a 30 e tal anos de distância, uma questão se pode pôr:

· Ângelo de Araújo (e, com ele, Carvalho Homem) estava a dar-se conta de uma situação histórica (em Coimbra tem-se escrito e dito assim e não assado…) ?

· Estava a exprimir o seu gosto pessoal ?

· Ou, mais do que tudo isto, estava a produzir um discurso normativo para a criação poética coimbrã ?

Talvez um pouco de tudo… Mas é óbvio que, nos longínquos sixties, nenhum dos interlocutores então no cenário espinhense colocaria as questões a este nível: estava-se longe de uma perspectiva historiográfica – e não meramente memorialística – do Canto e da Guitarra e, por outro lado, gostos são gostos[7]… e Ângelo de Araújo, que a todos desvanece pelo seu inexcedível humanismo, sempre foi Alguém tolerante e aberto.
É também evidente que os diálogos escutados naquele Verão me marcaram profundamente: por alguma razão estou hoje a evocá-los…

Só voltei a encontrar Ângelo de Araújo nos anos 80. E nos primeiros anos do novo século, já a residir em Lisboa, frequentemente me encontrei com ele em cafés e restaurantes do eixo Praça de Londres / Avenida de Roma: esplanada da Mexicana, antigo Café Roma [8], etc. E foi o reencontro do Grande Senhor, permanentemente atento ao que se passa na Galáxia, de incansável memória para coisa passadas e indefectível amigo-do-seu-amigo. Tudo razões mais do que suficientes para a elaboração deste pequeno apontamento…

Lisboa, 9 de Maio de 2006

Armando Luís de Carvalho Homem

[1] Existia em disco a clássica interpretação de Luiz Goes (início dos anos 50; com António Brojo / António Portugal [gg.] / Aurélio Reis / Mário de Castro [vv.]); bastante mais tarde conheci uma outra versão (mais próxima do original) vocalizada por Almeida Santos (fim dos anos 50, com António Brojo e penso que Gabriel de Castro e António Roxo Leão); tratou-se de um EP 45 RPM gravado por ocasião de uma missão da U. Coimbra a Lourenço Marques; entre quem ia (António Brojo) e quem estava (os restantes) se constituiu um grupo para actuações várias e para a dita gravação.
[2] Existiam em disco versões de José Afonso (início dos anos 50; com os mesmos acompanhantes da interpretação de Luiz Goes referida na n. anterior) e de Mário Veiga (anos 60; com Hermínio Menino / Manuel Borralho [gg.] / Jorge Rino / Rui Borralho [vv.]).
[3] Nomeadamente o programa «Evocação de Coimbra», EN, 1.º programa, transmitido quinzenalmente; uma das emissões foi integralmente preenchida com temas vocais de Ângelo de Araújo.
[4] Era por isso que a interpretação goesiana do «Soneto» lhe não merecia cabal aprovação.
[5] Existiam versões gravadas de Augusto Camacho e de José Paradela de Oliveira.
[6] Sublinhado meu.
[7] Julgo que é nesta linha que se tem situado o Doutor José Mesquita desde os anos 70 (vejam-se recentes textos seus no blog http://guitarradecoimbra.blogspot.com): a criação é livre, em cada momento a inspiração / motivação é uma (e não outra), o receptor do texto musical e poético reage em sintonia ou em assintonia…
[8] Substituído entretanto por uma casa de uma cadeia internacional de fast food
























Queima das Fitas no Diário das Beiras de hoje. Texto de A. E. Maia Amaral. Posted by Picasa

JOSÉ ALÃO
(† 2006)

Da Associação dos Antigos Orfeonistas da Universidade do Porto (AAOUP) – organismo congregante dos ex-membros do Orfeão Universitário do Porto (OUP) – chega-me a notícia da morte do Eng. José Tristão Eiras Bessa Alão. Contando 70 e poucos anos, era o irmão mais velho de Paulo Alão – executante de viola não carente de apresentações – e de Carlos Alão, um jurista que foi também executante de viola e membro da TAUC em finais dos anos 60 / princípios dos 70.
Natural de Paços de Ferreira, José Alão cursou Engenharia Química na UP e pertenceu ao OUP nos anos 50, integrando aqui o naipe dos barítonos e sendo executante de viola no Grupo de Fados e de acordeão na Orquestra de Tangos.
Frequentandor da Tertúlia que semanalmente se reunia em casa do guitarrista Lauro de Oliveira («o Tio Lauro», † 1970)[1], José Alão não tinha formação de viola clássica, mas desde a dita década de 50 que assimilou as práticas de executantes também frequentadores da dita Tertúlia e que, possuindo tal tipo de formação[2], começavam ao tempo a utilizar violas de concerto – entenda-se: com cordas de «nylon» – no acompanhamento do Canto e da Guitarra de Coimbra. Esta foi também a ‘Escola’ de Paulo Alão, que a partir de 1958/59 tal tipo de instrumento passou a utilizar em Coimbra, integrado no Grupo de António Portugal[3].

Só conheci José Alão nos anos 70. Com ele privei assiduamente entre ca. 1979 e ca. 1983, no âmbito de um Grupo que ensaiava em casa do cantor Raul Barros Leite: pela Av. de França passaram então nomes como os dos guitarristas António Cunha Pereira e Arnaldo Melo e Castro, os dos violas José Alão, Paulo Alão, Carlos Teixeira, Arnaldo Brito e eu próprio e os dos cantores José Vitorino Santana (1931-2004), Óscar França, Henrique Gameiro dos Santos, Fernando Tavares Fortuna, José Horácio Miranda, Hernâni Pinto, Alfredo Pais da Rocha e o absolute beginner Vítor [Almeida e] Silva, estudante de Economia que mais tarde se transferiria para Coimbra, integrando aí diversos grupos, com realce para o Praxis Nova, com quem participou num LP (ca. 1989) e gravou um CD de originais (ca. 1996).

De José Alão fica-me a lembrança de uma extrema cordialidade e bonomia, de um admirável conversador, de um bom narrador de episódios picarescos, de alguém com uma preparação cultural porventura pouco vulgar nos engenheiros da sua geração e de uma extrema disponibilidade para colaborar musicalmente em quanto lhe fosse solicitado.
Este é um apontamento necessariamente breve, redigido em cima da notícia da morte de José Alão e saído da pena de quem o conheceu já na casa dos 40 anos. Espero que outrem possa em breve aqui deixar uma evocação mais longa, sabedora e documentada e com o devido complemento de imagens.
Por mim só acrescento: - Até sempre, Bom Amigo !

Lisboa, 8 de Maio de 2006

Armando Luís de Carvalho Homem

[1] Já evocado neste blog.
[2] V.g. o futuro solista de guitarra e de alaúde Fernando Lencart ou Ernesto Almeida («Almeidinha»).
[3] Onde foi o ‘sucessor’ de Levi Baptista.

segunda-feira, maio 08, 2006


Maló de Abreu no Diário das Beiras de hoje. Posted by Picasa





António Chaínho na "Revista" do Expresso, nº 1365, de 24 de Dezembro de 1998. Texto de João Lisboa e fotos de António Pedro Ferreira.
Espólio de José Miguel Baptista. Posted by Picasa

domingo, maio 07, 2006


Tuna em Angola no ano de 1965. Gomes Alves abraça três crianças. Foto do espólio de José Miguel Baptista.
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Serenata na Sé Velha em 1979, Nov, 26. Tocam Mário de Castro, Carlos Teixeira e António Ralha. Cantam Victor Nunes, Alfredo Correia, José Miguel Baptista (foto sua) e ...
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Orfeon Académico em Carmona, Angola, no ano de 1967, Agosto, 13. Joel Canhão, Jorge Condorcet, José Miguel Baptista (foto sua), António Andias e Filipe David.
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